segunda-feira, 1 de setembro de 2008

A Saga de Sinsalabin Capítulo 11: O Cerco de Abismo-Cruel

“Será que só eu não consigo lembrar do meu passado?"
"Como um vendedor de Catuaba pode saber mais da minha vida do que eu mesmo?”
Essas dúvidas perseguiam Sinsalabim, que, no âmago de seu ser, acreditava ter sido engambelado novamente, dessa vez, por seu amigo e comparsa Borgan.
Sem rodeios, resolveu tirar a teima e ir conversar na boa com o camarada:
- ORC DESGRAÇADO!!! Urrou Sinsalabim.
-??? Borgan tentava, mas não compreendia de onde vinha a raiva de nosso herói.
- COMO TU SABIAS DO SEGREDO DO MEU AVÔ, VAGABUNDO? Peraí, só um minutinho - parou nosso campeão - tu podes me alcançar a machadinha que está do teu lado, sabe, se não for incômodo e tu não te importares...
- Claro! Respondeu Borgan, com o coração gentil, na medida em que passava o machete para Sinsalabim.
- Agora sim Hahaha! Disse Sinsalabim apontando a lâmina para Borgan: - COMO TU SABIAS DO SEGREDO DO MEU AVÔ?!?! AHN? AHN? AHN? Insistiu.
...Borgan, para sua infelicidade, não soube o que responder.
- EU SEI, disse novamente Salabim, VOCÊ MATOU MEU AVÔ, ORC!
- Não Luke, quer dizer, Sinsalabim... EU SOU SEU AVÔ!!! Replicou de pronto, Borgan.
- Não. Não. NÃÃÃÃOO! Não é verdade! Isso... isso é impossível! Estremeceu-se nosso aventureiro.
- Olhe seus sentimentos, você sabe que é verdade!
- NÃÃO! VOCÊ É UM ORC, COMO É POSSÍVEL?!
- Ahh, é mesmo, disse Borgan, como se um balde de água fria o tivesse atingido, me esqueci desse detalhe; então creio que não deva ser eu mesmo, desculpe.
- Cara, tu me assustou legal! Tranqüilizou-se Sinsalabim
- Foi mal, nem sei por que disse isso!
- Na boa agora, como tu sabia do meu segredo? Perguntou Sinsalabim.
- Eu vi nesse papelzinho que caiu do teu bolso ó, mostrou o orc:

“Querido diário,
Hoje vovô me contou 3 segredos importantíssimos que poderiam salvar minha vida, mas eu não prestei muita atenção, porque eu estava brincando com as baratas que estavam debaixo de sua barba.
Sinsalabim”

- Ah bom! Olha, caiu um do teu bolso também! Salabim tateou os bolsos à procura do maldito papelzinho, mas não o encontrou.
- Deixa pra lá! Completou o destemido personagem.
Neste momento, Erca Tarro, o biltre assaltante que aterroriza as estradas da floresta até o riacho lá no alto da colina, que há 5 minutos tentava dizer alguma coisa, conseguiu chamar a atenção dos dois:
- Seus mentecaptos ambulantes! O "ABISMO-CRUÉL-DA-ESCURIDÃO-PROFUNDA-QUE-SÓ-APARECE-DURANTE-A-LUA-CHEIA-DOMINADO-PELOS-PODERES-OBSCUROS" é um lugar de mágica antiga. Ele está interferindo na capacidade sensorial de vocês para que fiquem agindo como se tivessem fumado haxixe! Por isso, Jurbo Çal, famigerado tranbiqueiro, cujos cartazes de procurado ocupavam as paredes de todas as tavernas da redondeza, me deu esses amuletos que absorvem as energias malignas! E como se não bastasse, ele tem um contador atrás dele, quando estiver cheio de malignitude, o talismã soltará um raio de energia canalizada direcionado para o ser maligno mais próximo! (Erca Tarro, não precebeu, porém, que com as tantas bordoadas metidas pelo gigante, os contadores haviam estragado).

Colocando os amuletos, os personagens resolveram acampar na orla da floresta que separava o vale em que morava Kóssau Pynthu (ainda tentando lamber o cotovelo) do Clodovil, quer dizer, Covil, de Verca Nhão.
Ficaram lá por dois dias esperando as feridas de Erca Tarro, o biltre assaltante que aterroriza as estradas da floresta até o riacho lá no alto da colina, sararem.
Após ter curado seus ferimentos, nossos heróis se preparavam para dormir, pois pensavam que O "ABISMO-CRUÉL-DA-ESCURIDÃO-PROFUNDA-QUE-SÓ-APARECE-DURANTE-A-LUA-CHEIA-DOMINADO-PELOS-PODERES-OBSCUROS" deveria ser um lugar menos cruel e enfadonho de se invadir à luz do sol. Mas não podiam se demorar mais do que isso, esperariam até o próximo dia, quando entrariam nas últimas horas da fase cheia da lua, o que seignifica que, se eles perdessem a entrada, teriam que esperar mais um mês até poderem entrar novamente.
E foi durante o sono profundo de nossos personagens que Sinsalabim acordou ao ouvir um barulho na barraca ao lado:
- Erca Tarro, o biltre assaltante que aterroriza as estradas da floresta até o riacho lá no alto da colina! Exclamou Salabim baixinho para si mesmo, temendo pela segurança do goblinóide.
- Que? Respondeu uma voz sonolenta vinda de dentro da barraca de Sinsalabim.
- Erca? Surpreendeu-se Sinsalabim acendendo uma vela e vendo que o goblin não estava na barraca ao lado, mas agarrado em sua perna.
- É que eu não conseguia dormir! Defendeu-se o goblin.
- Mas isso não...
Outro barulho foi ouvido por nossos personagens, agora em direção à barraca de Borgan
- Mamãezinha! Quem vai lá ver o que é? Tremeu Erca
- Vai lá, que se acontecer alguma coisa eu fuj...quero dizer, te dou cobertura! Falou Salabim
- Tu ta de brincadeira né? Nem fudendo o cú do palhaço que eu saio daqui! Disse Erca.
- Bom, vamos tirar no palitinho então!
-Boa, Boa...
-Me alcança os palitinhos aí...
.
... instantes mais tarde....
.
- Ha! Ganhei!!! Disse Erca.
- Beleza, então vai lá ver! Retrucou Sinsalabim.
Outro barulho vindo do lado de fora perturbou nossos valentes...
- Melhor de Três, Melhor de Três! Respondeu Erca.
Nesse instante ocorre um estalo e, como em Hollywood, Jurbo Çal, famigerado tranbiqueiro, cujos cartazes de procurado ocupavam as paredes de todas as tavernas da redondeza aparece dentro da barraca com cara de preocupado:
- O que estão fazendo seus tolos? Não há tempo a perder, vamos! E dizendo isso, Jurbo se projeta para fora da barraca, mas antes deixa cair um papelzinho, que é lido por Sinsalabim:

“Jurbo Çal, famigerado tranbiqueiro, cujos cartazes de procurado ocupavam as paredes de todas as tavernas da redondeza, membro da Ordem dos Amigos de Malanderson”.

Sem tempo para fazer associações, saem Erca, Jurbo e Sinsalabim da barraca a tempo de ver uma luz roxa com detalhes em branco satinè, tremeluzidos em tons de dégradé com pátina em cinza grisè escuro estourar para fora da barraca de Borgan.
Felizmente, Erca Tarro reconheceu o clarão como sendo o jorro de energia do amuleto de Jurbo, que Borgan usava.

Mas Só-tem-Pedreira é e sempre foi um lugar cruel, um lugar onde os fracos não têm vez. Um lugar tão implacável, insolente e lancinante, que se fosse uma pessoa de carne e osso, ela teria muito poucos amigos.

Correndo para ver o que aconteceu, depararam-se, os três, com a pior cena que já viram em suas vidas, a pior coisa que uma mãe que quase teve seu bebê trocado na maternidade já viu ou poderá ver, a pior coisa que um ajudante de Papai Noel pôde ou poderá imaginar. Nem Rudolph, a rena do nariz vermelho, passou por atrocidades tão grandes quanto a cena que nossos heróis viram.
Entraram na barraca e encontraram Borgan com uma faca trespassada por seu peito, se contorcendo de dor no chão. E, ao lado, um vulto desmaiado, com uma queimadura na barriga.
- Borgan!!! Bradaram em unísono Jurbo e Erca.
- Borgan!!! Bradou atrasado Sinsalabim.
- Porra! Assim não dá! Tem que ser todo mundo junto pra ser poético!
- Tá, vai lá: 1, 2...
- Borgan! Apressou-se Erca.
- Não porra, é no 3!
- Ok, Ok, entendi. Desculpou-se Erca
- Vai lá então: 1,2,3
- BORGAN!!! Disseram os três juntos.
E correram para ajudar o orc.
- A faca não atingiu órgãos vitais, mas estava banhada em uma solução de Prutz venenosa. Disse Jurbo Çal, famigerado tranbiqueiro, cujos cartazes de procurado ocupavam as paredes de todas as tavernas da redondeza.
- Então Druida, pelas Barbas do Rei Salomão, faça alguma coisa! Exclamou Erca.
- Não posso! As Prutz não se submetem aos domínios da Natureza. Somente uma pessoa conhece o antídoto... Verca Nhão!
- Quanto tempo Borgan pode resistir? Perguntou Sinsalabim.
- 15 horas respondeu Jurbo.
- Então corremos contra o tempo.
- Eu estou bem! Exclamou Borgan, tossindo mais sangue do que um tuberculoso.
- Tem certeza? Perguntou nosso herói.
- Si.. s... Blahhh! Borgan agora estava vomitando bolas de pus do tamanho de castanhas.
Enquanto isso o homicida aos poucos retomava consciência.
Mas, para sua infelicidade, foi imobilizado antes que pudesse se esgueirar.
- Quem é você? Perguntou Jurbo Çal
- É, quem é você? Repetiu Erca
- Isso aí, quem é você? Repetiu, cansativamente, Salabim
- Ha! Patos, nunca falarei!
- Por favor, pediu Jurbo.
- Está bem, sou Ladrur, irmão bastardo de Malanderson!
- E por quê tu estás aqui? Continuou Jurbo.
- Vai sonhando que...
- Por Favor.
- Para matar Borgan.
- Isso nós percebemos, continue.
- Nunca.
- Por favor.
- Ele é um dos guardiões de Malanderson, um empecilho dos grandes para o Eixo.
- Eixo? Que chacrinha é essa? Perguntaram Erca e Salabin.
- Calem a boca, eu que faço as perguntas por aqui, disse Jurbo.
- Eixo? Que chacrinha é essa? Perguntou Jurbo, voltando-se para Ladrur.
- Durante a Segunda Guerra Mundial havia... começou o intruso.
- Não esse Eixo, o outro que tu estavas falando.
- Ah! Jamais revelarei os nossos planos!
- É cansativo ficar pedindo por favor sempre que quero saber alguma coisa...depois de um suspiro completou: - Tu podes continuar, por favor?
- Sim...somos um grupo dentro da Ordem que visa usurpar o direito de Malanderson.
- Seus bastar... interpelou Borgan, mas não conseguiu acabar de completar a frase pois recomeçou a tossir sangue.
- Hahahaha e se não fosse a droga de um raio roxo com detalhes em branco satinè, tremeluzidos em tons de dégradé com pátina em cinza grisè escuro, todos estariam mortos há essa hora.
- Você deve ser muito mau para ter supercarregado o amuleto, fazendo-o estourar! Bradou Sinsalabin (o que nossos aventureiros não sabem é que o talismã não foi sobrecarregado por Ladrur, longe disso, foi o tamanho da crueldade de Só-Tem-Pedreira que fez com que ele fosse ativado).
- Tive uma idéia, disse Erca, vamos jogá-lo para o gigante, ele se incumbirá de fazer com que este daqui tenha uma longa e dolorosa passagem para o outro lado.

Porém, em sua sede por vingança, nossos heróis esqueceram de pedir mais detalhes sobre o Eixo e de quem eram seus participantes. Mas só lembraram disso quando Ladrur já estava nas mãos do gigante Pynthu.

Só restavam, então, 14 horas para conseguir o antídoto. E o plano de penetrar o Clodovil, digo, covil, sob a luz do dia fora por água abaixo, teriam que entrar lá durante a noite mesmo, mas agora tinham uma carta na manga, Jurbo Çal, famigerado tranbiqueiro, cujos cartazes de procurado ocupavam as paredes de todas as tavernas da redondeza havia se unido ao grupo.
Porém algo estranho andava acontecendo, todos pareciam fazer parte de algum tipo de organização secreta.
...
– Mas o que é essa Ordem dos Amigos de Malanderson? Perguntou Sinsalabim
- Bom, não tem mais jeito, vou revelar tudo, mas a partir do momento em que souberem nosso propósito, vocês serão Acólitos. Disse Jurbo.
- Certo concordaram ambos, Erca e Salabim.
Então Jurbo começou:
“Há muito tempo atrás, existia uma terra controlada por Malanderson, onde porcos selvagens corriam soltos pelas pradarias e florestas de todo o continente... mas então vieram caçadores malvados, como esse tal de Ladrur, que começaram a matar os coitadinhos para venderem sua carne no mercado negro! e a partir daí a putaria só continuou, em qualquer taberna que se entre, só o que se encontra são: ‘naquinhos de porco selvagem’, ‘porco selvagem à putanesca’, ‘porco selvagem no espeto’, ‘churrasquinho de porco selvagem’,’porco à bolognesa’, ‘porco refogado’, e aí por diante.”
- Isso é o que a Ordem quer erradicar, esses cafajestes caçadores. Clamamos pela libertinagem dos Porcos Selvagens!
- Nossa, eu não sabia disso! Exclamou Salabim e Erca.
- Contem conosco na ordem! Disse Sinsalabim escondendo, de soslaio, os naquinhos de porco selvagem que trouxe para o lanche.
- Certamente! Disse Erca cuspindo de canto o naquinho que mastigava enquanto Jurbo contava sua história.
- Bom, não podemos perder mais tempo, disse Jurbo Çal, se postando à beira do abismo.

E agora?
Será que Salabim e Erca poderão esconder seu desejo secreto por naquinhos de Porco Selvagem?
Será que nossos protagonistas conseguirão invadir o covil de Verca Nhão e Pout ah Velh’a, derrotá-los e pegar o antídoto a tempo de salvar Borgan?

Estaremos na espectativa...

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