"Na vingança e no amor a mulher é mais bárbara do que o homem." Friedrich Nietzsche
"- É uma longa história - Começou Roy – Quando tu saíste da Pedra da Picadura, eu tive que..."
- Não há... tempo, Roy... - Interrompeu Lê Proso, numa voz ainda mais desanimada e desanimadora - agora que temos mais gente... precisamos preparar uma rebelião e fugir daqui o mais rápido... possível.
Porém não foi Lê Proso que interrompeu Roy. Foi sua própria náusea. Lhe parecia que estavam pra subir pelo seu esôfago e serem vomitadas sua última refeição, os naquinhos de porco selvagem que teve como lanche, o seu coração, o seu próprio intestino que parecia estar virando do avesso, um Pé-de-Mesa, entre outras coisas...
Notando o estado lamentável de Roy e de Lê Proso, Sinsalabim prontamente ajudou Roy a recuperar-se. Lê Proso logo relaxou um pouco e evitou excitar-se mais para não provocar um possível enjôo. Roy recuperou-se após alguns minutos, e com calma disse:
- Nós temos tempo Lê Proso... poderemos escapar... hoje de noite...
E então Roy faz a sua enorme, longa narração sobre como chegou ali:
- Bom, eu tive que vir pra Metendo Ferro pois nós soubemos de alguém que estava ameaçando a Ordem de Malanderson... então os manda-chuvas me mandaram... aparentemente, os Porcos Selvagens são apenas equiparados em consumo e gosto do povão pelo Peru de Natal... e uma certa ordem, chefiada por um tal de Poderoso Peru, está incentivando o consumo de Porcos Selvagens para reduzir o consumo do Peru de Natal... um plano maquiavélico, e também uma afronta direta à Ordem de Malanderson!
-Então eles que te prenderam aqui??? Eu enf... eu vi enfrentarem esses caras, eles parecem perigosos (Sinsalabim ainda estava com a memória obscura, mas lembrava-se sobre não comentar qualquer coisa por algum motivo).
- Hã, não. Eu acabei encontrando um amigo pro qual tava devendo dinheiro faz um tempão e tinha me esquecido. Ele contratou uns caras, me pegaram pelas costas com um porrete (ih...) e acordei aqui. Ué, e tu? - Pergunta Roy.
- Que coincidência! Acho que fizeram o mesmo comigo... - responde Sinsalabim.
Ainda curioso em relação às companhias maquiavélicas de Roy, eles são interrompidos por um grupo do que aparentavam serem os carcereiros marchando em sua direção.
- OH NÃO! ELE NÃO ESTÁ PREPARADO, NÃO FAÇAM AQUILO COM ELE!!!!
- Pelo menos um deles acordou, submetam ele ao "tratamento" agora.
Quatro guardas bem treinados dominam Sinsalabim com armas no pescoço do pobre garotinho inocente e desarmado, que não entendia o que estava acontecendo.
Roy gritava e chorava por Sinsalabim, como uma mãe que tem seu filhote arrancado de si, avisando Sinsalabim:
-NÃO OLHE!!! NÃO OUÇA!!! NÃO IMAGINE!!! SALVE-SE SINSALABIM!!!!
Mas era tarde... Sinsalabim já estava curioso quando os guardas lhe contaram, como se estivessem ludibriando um pequeno bebê, que iam lhe demonstrar uma encenação de uma lenda esquecida... sobre duas mulheres (o que já deixou Sinsalabim excitado) e... um copo.
A cena fora censurada para a sanidade psicológica dos leitores.
Sinsalabim fora obrigado a assistir tudo. Vomitara não uma, nem duas, mas várias vezes. E o próprio vômito de Sinsalabim fora usado na encenação. Após isso fora levado de volta à sua cela, inconsciente.
Enquanto isso, na sala da liga da jus-... digo, enquanto isso, no Barril de Bó Stah...
Zéma Lockeiro adentrou o Barril de Bó Stah juntamente de Barri GaD'Cer Vejah, fulo da vida pelo fato deste último deixar sua melhor cortesã deixar o Barril D'Ouro (filial de Metendo Ferro). Queria ela de volta, pois sem Juli as rendas do Barril D'Ouro (filial de Metendo Ferro) cairiam pelo menos 20%. Lhe encaminharam até Bó Stah, que estava no jardim cuidando de suas plantas.
E Zéma, já em tom ameaçador, interroga:
- Onde está Juli Fog'Onorabo?! Eu fiquei sabendo que ela veio pra cá, quero falar com ela agora!
Ao que Bó Stah, lenta e calmamente, como se estivesse entupido na privada e não estivesse saindo de lá tão cedo, responde:
- Ela saiu com uma amiga... mas ela não mais será uma meretriz. Me desculpe Zéma, mas aparentemente ela achou o grande amor da vida dela. E você sabe como são esses jovens...
-Que beleza... ela estava radiante quando saiu da taverna, eu concordo com você Bó..-
concordou Barri.
-DIACHO! BELEZA O ESCAMBAU SEUS PUTOS! A renda do Barril D'Ouro (filial de Metendo Ferro) vai cair em pelo menos 20% sem a Juli! Nesses tempos de crise, assim não pode! Assim não dá!
- Ora Zéma, não lembra de quando nós éramos jovens e nos aventurávamos por ai? Não tem como segurar, deixa eles aproveitarem o momento! - argumenta Bó.
-Eu só queria saber quem é o viadinho pelo qual ela se apaixonou... é só matar um que eu tenho ela trabalhando pra mim de novo! - replica Zéma.
-Pois eu me lembro quem era o garotinho apaixonado pelo qual a gente percorreu meio mundo pra achar a amada - interpela Barri, ao que Zéma fica meio embaraçado.
-Pessoal, se acalmem e acomodem-se que ela deve voltar logo com aquela amiga dela...- encerra Bó.
Lady Pena D'Morte, sentindo cansaço e o peso no seu corpo por ter usado sua poderosa técnica, decidiu voltar ao lugar onde estava hospedando-se para refestelar-se novamente com a deliciosa papinha de Bo Stah. Ao chegar pelo jardim frontal, nota três roliços sentados em uma pequena mesa de madeira rústica, lhe observando. E então começa a escutar passos. Uma marcha. Alguns homens vestindo apenas tanguinhas vinham pelas suas costas (hmm!) em direção ao Barril de Bó Stah.
Sinsalabim havia acordado. Não sabia se era melhor ficar dormindo e ter possíveis pesadelos com o que acabara de ver, ou estar acordado para se lembrar constantemente. Agora entendia o que havia ocorrido com Roy e Lê Proso.
- Mas, quem são esses caras que nos prenderam??? E por que fizeram isso conosco???
- *cough cough*... são o Bando dos Sadiboys... eles fazem isso por prazer... eu temo que talvez torturas mais grotescas venham a seguir.. - explicou Roy.
-Malditos sadomasoquistas pervertidos! - exclama Lê Proso.
-Mas porra Batm-, digo, porra Roy, o que faremos pra sair daqui??? - pergunta Sinsalabim.
- Quando vierem pegar seu amigo pra tortura.. vamos aproveitar a chance... ao invés de machucá-los, eu creio que massageá-los machucará eles.. afinal, machucar nós já vimos que não adianta, eles gostam...
E agora? Será que o plano ridículo, imbecil e estapafúrdio de Roy irá funcionar??
Ou estará Sinsalabim condenado para o resto de sua vida??? E o Barril de Bó Stah???? Sobreviverá ao ataque dos comparsas do Poderoso Peru????? E Lady?????? Sobreviverá ela ao combate épico que está para ser travado no Barril de Bó Stah??????? E os erros de programação escrotos???????? Voltarão????????? E o número crescente de pontos de interrogação?????????? Continuará crescendo??????????? Provavelmente NÃO pra todas as perguntas acima, mas você JAMAIS saberá se não continuar lendo, concorda????????????
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Sobre a falha na programação
Devido a uma pequena falha na programação, chamamos dois de nossos autores para esclarecem aos leitores as possíveis causas do problema:
Hellequin: Olha eu não sei o que aconteceu estava chegando numa parte muito importante da história onde Sinsalabim ia fazer (CENSURADO), dae Lady ia (CENSURADO) e ia acabar aparecendo (CENSURADO). Mas do nada a transmissão de dados acabou, e perdi minha vez de postar.
Kamikaze: Mas você tem que admitir que seu post estava meio sanguinolento demais, nossos leitores infantis poderiam ficar traumatizados.
Hellequin: Mas esta violência era necessária para o bom andamento da história.
Kamikaze: Bom andamento?!?!?!? Você matou sem a menor piedade a pobre da Juli Fog’Onorabo, você sabe quantos planos eu tinha para ela?!?!?!?!?
Hellequin: Cara, mas foi por uma boa causa.
Kamikaze: BOA CAUSA você diz, mas não bastasse lacerar minha querida personagem, você transtornou toda a personalidade da reformulada Lady Pena D'Morte.
Hellequin: Mas agora ela está uma personagem mais legal, parecida com a que eu criei.
Kamikaze: Que seja. Mas você podia ter parado por aí. Mas não...tu ainda não estava contente com isso...eu que dei toda uma atenção a pobre da CARVÃO (a espada), que você além de errar o nome dela, fez com que ela não servisse para nada, e pra finalizar com chave de ouro, a destruiu (ela mal durou 6 posts).
Hellequin: Mas então você não gostou do meu post?!?!?!?
Kamikaze: Se eu gostei?!!?!?!? Quem você acha que cortou a transmissão?
Hellequin: HA então foi você!!!!
Kamikaze: Droga!!! Fui manipulado.... Mas sim fui eu mesmo, eu acabei com a transmissão antes que ela acabasse com tudo que eu havia planejado. No fundo eu sei que o que fiz foi errado, prometo não fazer de novo. Você me desculpa?
Hellequin: Ok, desta vez passa.
Kamikaze: Já que estamos "numa tranquila", me diga, você gosta mesmo de escrever das alucinações da Lady e principalmente da maldade de Só-Tem-Pedreira, não?
Hellequin: Ahh gosto sim, mas porquê?
Kamikaze: Nada, nada, só curiosidade meu amigo. (olhar maligno, seguido de risada mais maligna ainda)
Com isso terminamos a explicação do misterioso problema, fiquem atentos nos próximos posts.
HUAHUHAUHAUHAHUAHUHAUHAUHAUUAHUAHUAH.
Hellequin: Olha eu não sei o que aconteceu estava chegando numa parte muito importante da história onde Sinsalabim ia fazer (CENSURADO), dae Lady ia (CENSURADO) e ia acabar aparecendo (CENSURADO). Mas do nada a transmissão de dados acabou, e perdi minha vez de postar.
Kamikaze: Mas você tem que admitir que seu post estava meio sanguinolento demais, nossos leitores infantis poderiam ficar traumatizados.
Hellequin: Mas esta violência era necessária para o bom andamento da história.
Kamikaze: Bom andamento?!?!?!? Você matou sem a menor piedade a pobre da Juli Fog’Onorabo, você sabe quantos planos eu tinha para ela?!?!?!?!?
Hellequin: Cara, mas foi por uma boa causa.
Kamikaze: BOA CAUSA você diz, mas não bastasse lacerar minha querida personagem, você transtornou toda a personalidade da reformulada Lady Pena D'Morte.
Hellequin: Mas agora ela está uma personagem mais legal, parecida com a que eu criei.
Kamikaze: Que seja. Mas você podia ter parado por aí. Mas não...tu ainda não estava contente com isso...eu que dei toda uma atenção a pobre da CARVÃO (a espada), que você além de errar o nome dela, fez com que ela não servisse para nada, e pra finalizar com chave de ouro, a destruiu (ela mal durou 6 posts).
Hellequin: Mas então você não gostou do meu post?!?!?!?
Kamikaze: Se eu gostei?!!?!?!? Quem você acha que cortou a transmissão?
Hellequin: HA então foi você!!!!
Kamikaze: Droga!!! Fui manipulado.... Mas sim fui eu mesmo, eu acabei com a transmissão antes que ela acabasse com tudo que eu havia planejado. No fundo eu sei que o que fiz foi errado, prometo não fazer de novo. Você me desculpa?
Hellequin: Ok, desta vez passa.
Kamikaze: Já que estamos "numa tranquila", me diga, você gosta mesmo de escrever das alucinações da Lady e principalmente da maldade de Só-Tem-Pedreira, não?
Hellequin: Ahh gosto sim, mas porquê?
Kamikaze: Nada, nada, só curiosidade meu amigo. (olhar maligno, seguido de risada mais maligna ainda)
Com isso terminamos a explicação do misterioso problema, fiquem atentos nos próximos posts.
HUAHUHAUHAUHAHUAHUHAUHAUHAUUAHUAHUAH.
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
Os 12 Trabalhos de Sinsalabim - Capítulo 6: Particularidades
... No dia anterior.
Uma nesga de luz atravessava as lonas das arestas superiores, descobrindo o anfiteatro em meia penumbra. Era uma Casa da Alta Aristocracia, com várias cadeiras, que terminava em um estrado com duas cortinas vermelhas.
À noite, os cadafalsos estariam cheio de pessoas correndo de um lado para outro, cantando coisas bizarras em forma de melodias e encenando histórias pitorescas. Mas, por ora, Lady Pena D’Morte se encontrava neste estrado, bastante ocupada - pensando se aquilo seria algum tipo de pelourinho para àqueles que tinham dinheiro demais para saber aonde investir, e que se reuniam para jogar uma rodada de chicotadas na conta de algum figurão rico e “joiado”. Descartou essa hipótese, quase a tempo de perceber sete indivíduos sentados nos balaústres do hangar superior da Casa de Ópera:
- ‘Ma Che! Ce incontramo dinovo, é?’ - Perguntou um velho no camarote central
- Que está acontecendo? - Indagou Lady, já temendo a resposta.
- ‘Brutta bestia! Non ve che noi siamo tutti tuoi Conseglieri?!’ - Exclamou uma segunda voz.
- ‘Tutti’ o quê?! - Disse Pena D’Morte, sem entender nada.
- ‘Caspita! Io vado a ti explicare:
- ‘Questo é Giurbbo Sale, di Venezza’;
- ‘Questa é Zudia di Mine, di Campi da Concientrazione’;
- ‘Questo é Seucen Todoy, il Orientale Maldito’;
- ‘Quello é Il Cattário, di Milano’;
- ‘Quella é Vercagnone, la Porca Puttana;
- Quell é Unnabai Tabbicciona, una baita bicciona;
- E noi siamo Chiuppe and Paullsen. – Finalizaram os dois irmãos.
- Ahh! – compreendeu Lady – É tipo aquela vez no Japão?
- Si! Che nem quella vez nel Giappone! – Exclamou Il Cattário.
- Siamo tua concsienza! – Completou Zudia di Mine.
Lady Pena D’Morte, entendia, mas não compreendia o porquê de ter sido convocada novamente pelo conselho, entretanto resolveu verbalizar seu turbilhão complexo de pensamentos:
- Mas por que eu fui chamada? - Apelou nossa heroína.
- Perché Cinsalabinno corre perigo! Deve, segui-lo e salvá-lo di tutti il Male del Mondo. – Explicou Vercagnone.
- Como assim, perigo? – Estupefez-se Lady.
- Mantegna Salabinno Proteggido, questa é tua missione. – retumbaram Chiuppe and Paullsen.
- Mas o que devo fazer? – D’Morte começava achar que iria acabar fazendo perguntas demais para as respostas de menos que iria ter, então resolveu esperar para ver o que iria acontecer.
Mas, ao invés de explicações, Pena se viu submersa em uma interminável quantidade de perguntas e dúvidas, porque a cena ia ficando enevoada, enquanto uma voz agredia sua cabeça, como um tenor em seus tempos áureos:
- Vinceròòò.... VIN - CE – RÒÒÒÒÒÒÒÒÒÒÒÒÒ!!!
Lady Pena D’Morte, acordou na cama do que parecia ser um complexo prostibulesco. A cena lhe parecia vagamente familiar, pois lhe estavam dando a papinha de uma cambuca de madeira. Claro que a papinha estava muito mais apetitosa que da última vez, e nossa protagonista se refestelava sempre que o conteúdo aquecido do caldo encontrava suas papilas gustativas. E no lugar de um fétido Pah Pai Mei, havia uma mulher esbelta e muito prestativa segurando a colher:
- Aonde estou? – Perguntou uma atônita Lady Pena D’Morte.
- No Barril de Bó Stah. – Respondeu a exuberante criatura.
- O maior prostíbulo de Metendo Ferro? – Perguntou D’Morte.
- Isto. Mas é também a melhor taberna-hospedaria, pena que a sua fama de casa noturna se espalhe mais facilmente do que a de tabernáculo.
- Por que será? – ironizou Lady, não sentindo muito interesse na conversa vindoura.
- O dono andava me devendo uns favores, por isso estou hospedada aqui até achar um lugar para morar. Deixei meu trabalho recentemente, sabe.
- Bah! Que papinha mais deliciosa, essa! – Exclamou Lady, sem dar a mínima para a história da moça.
- E é. Feita de Porco Selvagem! – Empenhou-se a explicar – Entre nós aqui: parece que o dono andou surrupiando a receita secreta de um taberneiro de uma vila do interior. Se fosse eu quem tivesse minha culinária roubada, daria uns bons murros no ladrão.
- Ahh, com certeza. – disse Lady, com o ânimo de uma velha que acaba de colocar um fim na conversa. Mas logo se apressou -...o que aconteceu? Por que estou aqui?
- Foi este saquinho de polvilhos estragados que tu comeste, sabe, a mandioca tem propriedades tóxicas e, se não for moída direito, o polvilho pode ser venenoso.
- Certo... – Falou Lady, sem demonstrar o mínimo de entusiasmo. – De qualquer forma, obrigada por cuidar de mim, mas preciso encontrar meu amado, preciso salvá-lo!
- Jura?! Que coincidência, eu também procuro meu prometido! Como é bom estar apaixonada, não é mesmo? Parece até que tenho lombrigas no meu estômago! – Deleitou-se a jovem.
- Hmm... não seriam “borboletas no estômago?” – Corrigiu D’Morte.
- É. Pode ser. Acho que essas solitárias estão me subindo à cabeça – disse mulher, na medida em que dava pequenas pancadinhas em sua barriga. - no bom sentido, é claro. – Apressou-se.
Lady ficou pensando em qual seria o bom sentido de solitárias lhe subindo à cabeça, mas reservou esse pensamento, e, ao invés disso, disparou:
- Mas então! Ainda não nos apresentamos! Sou Lady Pena D’Morte – Sorriu.
- Prazer – Respondeu, de pronto - sou Juli Fog’Onorabo.
Seria interessante, agora, se o sorriso estampado à pouco no rosto de Lady fosse lentamente se azedando até chegar a uma expressão amarelada e retorcida na face da bela personagem. Mas como ela não tinha conhecimento da história de Juli e Salabim, manteve debilmente o sorriso na cara.
- Vamos dar uma volta. – Sugeriu Onorabo.
D’Morte assentiu.
Já era noite em Só-Tem-Pedreira. E assim lá se foram, ambas, atravessar os jardins floridos de Barril de Bó Stah. O próprio Bó Stah, que estava rastelando a grama, parou para olhar aquelas duas beldades enquanto saíam pelos portões para ir, desavisadas, passear nos becos escuros de Metendo Ferro.
- Me fale de seu amado. – Continuou D’Morte, agora já sentindo uma certa simpatia pela moça.
- Ai, ai.- suspirou Juli - Tantas coisas. Ele me presenteou com a melhor noite da minha vida. E me salvou de brutamontes deliciosos, digo, musculosos, acredita?
- Sei bem como é. – Assentiu Lady. Mas na realidade ela não sabia como era. Não tinha a menor idéia, porque até agora, o máximo que Salabim fizera por ela fora jogá-la de um precipício. Duas vezes. Mas, ainda assim, ela amava aquele bastardo.
- Qual o nome dele? – Perguntou D’Morte.
- Ah, é um nome bobinho. Tu vais até rir. Quero dizer, ele é meio tímido, mas eu realmente faria qualquer coisa para reencontrar Sinsalabim.
“.S-I-N-S-A-L-A-B-I-M.”
Essa simples combinação grotesca de letras atingiu Lady Pena D’Morte como um ferro em brasas. E no breu dos becos da capital, algo latente despertou em Lady, suscitando, por um instante, seus instintos mais enfadonhos. Algo inerente à sua antiga personalidade.
Sem hesitar, Desembainhou Pé-de-Mesa e caminhou lentamente em direção à jovem, que agora lançava olhares nervosos para o tarugo em suas mãos. Deu dois passos à frente, ergueu o toco de madeira, girou-o no ar, e, ignorando os gritos de terror da moçoila tão bem quanto as leis da física, projetou o tacape em um pranchaço certeiro, lambendo de fora a fora, a traquéia de Juli Fog’Onorabo. O Barulho seco da madeira encontrando osso e cartilagem ecoou no beco, e a única coisa que se distinguia em meio ao sangue que esguichava do corpo, era a cabeça voadora de Juli, que descreveu um arco comprido, até aterrissar no tanque de lavagem dos porcos de um taverneiro qualquer.
Lady fez um muxoxo.
- Acho que vou rebatizá-lo de Decapitator 3000! Hahahaha...Hahahaha - regozijou-se D’Morte, olhando para o Pé-de-Mesa, enquanto banhava-se no sangue inocente da moça.
Assim a figura de Lady Pena D’Morte fugiu, correndo pela noite escura da Capital. E em sua fuga, percebera que não estava arrependida de seus atos hediondos e sua consciência não a atormentava por ter assassinado tão vil e impiedosamente uma jovem do qual seu único crime fora amar. Não. Tampouco estava pesarosa ou palpitando em remorso, pois, de agora em diante, qualquer coisa que ficasse entre ela e seu amado encontraria nada senão o oblívio. E nesse dia, Lady Pena D’Morte descobriu que era ciumenta.
Sexta-Feira – 13h 45min
Desespero. É o que veria qualquer um que tivesse a chance de espiar a expressão de Sinsalabim no momento em que Paula Tejando, a verduga mais eficaz das Loucas Fornicadoras, acabava de soprar bolhinhas de sabão no rosto de Sinsalabim
E deus sabe, fazia tempo que Sinsalabim não presenteava suas pregas vocais com um grito tão estridente, lacerante e agonizante como o que acabara de soltar:
- SANTO ANTÔNIO DA PATRULHA! – Urrou Salabim com os olhos cheios de lágrimas e sabão - ISSO ARDE PRA DEDÉU!
- HAHAHA! Essa argolinha de sabão que tu tinhas, é realmente eficiente, meu jovem, realmente eficiente! – Exclamou maquiavelicamente Paula Tejando, antes de completar – e então... vai colaborar conosco?
Sinsalabim estava prestes a começar ser um bom garoto, mas antes que pudesse falar alguma coisa, a voz de Chutum Umamuranga, pode ser ouvida detrás de uma dúzia velhas que o prendiam e riam de modo um tanto suspeito:
- Não! Não me diga que... – Começou Umamuranga antevendo seu destino - ...não...não...a paçoquinha não...NÃÃÃOO!!!
Sinsalabim engoliu em seco, antes de disparar:
- O que vocês querem de mim? Eu não tenho nada a oferecer! Sou um pé-rapado, sem dinheiro nem pertences! – defendeu-se nosso herói.
- Tens razão – ponderou Paula, e percebeu que realmente nosso valente herói não tinha nada para oferecer – Acho que é melhor matá-lo de uma vez, pelo menos suas tripas terão alguma serventia, BWAHUAHUA!!!
E concluindo suas palavras, aproximou-se de Sinsalabim com uma já conhecida tesoura de circuncisão:
- Ha! É impossível cortar o que já foi torado! - Refestelou-se Salabim.
- Calado! – ordenou Tejando - Isso vai ser mais divertido do que aparenta.
Mas Paula nunca teve a oportunidade de mostrar seus dotes crudelísticos, pois, no exato instante em que se preparava para usar a tesourinha, ouviu-se um estrondo vindo da porta.
Era ela, Lady Pena D’Morte. Havia chegado para trazer a mais pura desgraça aos fracos e oprimidos. Sinsalabim não conseguia ver nada, pois sua cabeça estava sendo segurada à mesa por Paula. E, antes que os reflexos retardados da velha pudessem fazer alguma coisa, Lady começou a dançar algo que lembrava muito o “Passo do Elefantinho”, e então, com voracidade lançou sua técnica mais implacável: o Golpe dos Cinco-Pontos-Que-Explodem-Cinquenta-Coisas Aleatóriamente.
Antes que Salabim pudesse sequer fechar os olhos, houve um clarão, e após disso, restou somente a contagem das baixas.
O golpe foi sagaz, cortando, esmagando e partindo as primeiras coisas que via pelo caminho: os primeiros a sentir a força dos Cinco-Pontos foi uma família de ratazanas que tentavam filar um rango ali por perto, e sem dó nem piedade os 4 roedores foram reto ao chão. Dentre outras coisas estavam:
- 5 Baratas;
- Meia dúzia de piolhos;
- A coleção completa de álbuns do Bon Jovi que estava em uma caixa ao lado do aparelho de som;
- O próprio aparelho de som
- A Cabeça de Paula Tejando;
- O novo Aparato das Velhas;
- três brinquedinhos muito suspeitos de uma prateleira;
- a prateleira;
- os bracinhos de Paula Tejando;
- um chinelo velho;
- um engradado de SchinCola;
- um tijolo da parede;
- a tesourinha de circuncisão;
- as perninhas de Paula Tejando;
- uma lingerie;
- as 4 mulheres gordas e velhas que estavam na sala;
- um pênis de borracha.
Então, muito inesperadamente, a energia que o golpe usaria para acabar com a existência de uma dúzia de outros objetos e/ou seres vivos, foi canalizada para um objeto em especial. E, como varejeiras atraídas pelo estrume fresco, um último raio de energia acertou em cheio o Pé-de-Mesa, desintegrando-se nas mãos de Lady, que agiu como se acabasse de perder sua caneta:
- Droga, com mais alguns ajustes e ele daria um bom coçador de costas – Lamentou-se – Mas e agora, aonde irei encontrar outro desses? – Perguntou, ignorando a existência da mesa de madeira que estava a dois passos de distância. Então, em um passe, superou a perda de sua arma e desviou o foco de seus pensamentos:
“Mesmo assim, isso é muito divertido – pensou D’Morte – Tenho que usar esse golpe mais vezes!” Mas mudou logo de idéia quando viu os corpos estendidos no chão, e lembrou-se de que aleatoriamente não era uma condição muito favorável para a sua segurança, ou a de Sinsalabim.
Nosso valente herói tivera a impressão de que vira alguém no recinto, mas ainda estava atordoado pela força do golpe, e quando se levantou, viu apenas um estupefato Chutum Umamuranga com os olhos arregalados e, no mesmo instante, a expressão de surpresa passou a tomar conta do semblante de Salabim, também.
- Uau! Cara, foi tu? – Admirou-se Salabim.
Umamuranga parecia espantado demais para responder, mas antes que deixasse seus sentimentos lhe enganarem, adiantou-se:
- Eu disse que não queria a porcaria da paçoquinha, diacho!
- Do caneco esse teu Raduken! - Exclamou Sinsalabim.
- E é. Então elas te pegaram também?
- Pois é, eu estava vindo te socorrer.
- Ah! Então tu não está aqui por ter dado uns ‘pega’ na irmã caçula da Paula, eh?
- Irmã caçula? – Perguntou Sinsalabim.
- Isso mesmo, era aquela ali ó – Apontou Chutum para uma velha moribunda no chão.
- Como assim? – Exitou Salabim (Rimou!)
- Ela mesmo – respondeu Umamuranga cheio de si – dois aninhos mais nova e um ‘corpitcho’ que é uma tetéia, que achas?
Nosso herói resolveu ignorar o gosto peculiar de Chutum, e lembrou-se de que deveria estar de volta na espelunca de sua taberna até o anoitecer, posto que hoje era dia do “tiro à cereja”. Mas antes, iria visitar Véiues Croto e Curoal Oprada para saber de seu próximo trabalho.
Mas Só-Tem-Pedreira é um lugar Cruel.
Muitos dizem que o Mal não dorme à noite, pois está sempre na espreita, vigilante como um corvo à carnificina. Ledo engano. Os seres mais perigosos são aqueles que têm uma boa e farta noite de sono: Átila, o Huno hibernava durante o inverno; Saladino dormia maravilhosamente bem com suas 160 mulheres, e Júlio Cesar acordava às 11. Pois é nas noites tranqüilas que os sonhos mais criativos surgem. E com certeza, os sonhos de Só-Tem-Pedreira não remetem a coelhinhos saltitantes. Não, eles são a encarnação da mais pura maldade.
Sinsalabim chegou ao pardieiro do Círculo de Sábios, levando Umamuranga, que insistiu em conhecer os sábios Anciões. Mas chegando lá, encontraram apenas um bilhete fixo à porta trancada:
“Meninu qui içquecemu u nomi,
Incontri arguém qui póça, pruquê, infilismenti num pudêmu maiz ajudá ocê cum us trabáio.
Us homi tão atráiz di nóiz. Nunca maiz nus prucuri.
Mas antis vamu fazê uma urtima prufeçia procê:
‘Córri pruquê elis tão atrais di tu também’ ”
- Mas que f... – começou Sinsalabim, já xingando os velhos em pensamento, entretanto, nunca teve tempo de concluir seus maldizeres, pois, uma voz vinda de suas costas o fez girar nos calcanhares, só para perceber Chutum Umamuranga imobilizado por 4 capangas enquanto outros 3 vinham em sua direção com o maior porrete que já vira na vida.
Então tudo ficou escuro.
Uma nesga de luz atravessava as lonas das arestas superiores, descobrindo o anfiteatro em meia penumbra. Era uma Casa da Alta Aristocracia, com várias cadeiras, que terminava em um estrado com duas cortinas vermelhas.
À noite, os cadafalsos estariam cheio de pessoas correndo de um lado para outro, cantando coisas bizarras em forma de melodias e encenando histórias pitorescas. Mas, por ora, Lady Pena D’Morte se encontrava neste estrado, bastante ocupada - pensando se aquilo seria algum tipo de pelourinho para àqueles que tinham dinheiro demais para saber aonde investir, e que se reuniam para jogar uma rodada de chicotadas na conta de algum figurão rico e “joiado”. Descartou essa hipótese, quase a tempo de perceber sete indivíduos sentados nos balaústres do hangar superior da Casa de Ópera:
- ‘Ma Che! Ce incontramo dinovo, é?’ - Perguntou um velho no camarote central
- Que está acontecendo? - Indagou Lady, já temendo a resposta.
- ‘Brutta bestia! Non ve che noi siamo tutti tuoi Conseglieri?!’ - Exclamou uma segunda voz.
- ‘Tutti’ o quê?! - Disse Pena D’Morte, sem entender nada.
- ‘Caspita! Io vado a ti explicare:
- ‘Questo é Giurbbo Sale, di Venezza’;
- ‘Questa é Zudia di Mine, di Campi da Concientrazione’;
- ‘Questo é Seucen Todoy, il Orientale Maldito’;
- ‘Quello é Il Cattário, di Milano’;
- ‘Quella é Vercagnone, la Porca Puttana;
- Quell é Unnabai Tabbicciona, una baita bicciona;
- E noi siamo Chiuppe and Paullsen. – Finalizaram os dois irmãos.
- Ahh! – compreendeu Lady – É tipo aquela vez no Japão?
- Si! Che nem quella vez nel Giappone! – Exclamou Il Cattário.
- Siamo tua concsienza! – Completou Zudia di Mine.
Lady Pena D’Morte, entendia, mas não compreendia o porquê de ter sido convocada novamente pelo conselho, entretanto resolveu verbalizar seu turbilhão complexo de pensamentos:
- Mas por que eu fui chamada? - Apelou nossa heroína.
- Perché Cinsalabinno corre perigo! Deve, segui-lo e salvá-lo di tutti il Male del Mondo. – Explicou Vercagnone.
- Como assim, perigo? – Estupefez-se Lady.
- Mantegna Salabinno Proteggido, questa é tua missione. – retumbaram Chiuppe and Paullsen.
- Mas o que devo fazer? – D’Morte começava achar que iria acabar fazendo perguntas demais para as respostas de menos que iria ter, então resolveu esperar para ver o que iria acontecer.
Mas, ao invés de explicações, Pena se viu submersa em uma interminável quantidade de perguntas e dúvidas, porque a cena ia ficando enevoada, enquanto uma voz agredia sua cabeça, como um tenor em seus tempos áureos:
- Vinceròòò.... VIN - CE – RÒÒÒÒÒÒÒÒÒÒÒÒÒ!!!
Lady Pena D’Morte, acordou na cama do que parecia ser um complexo prostibulesco. A cena lhe parecia vagamente familiar, pois lhe estavam dando a papinha de uma cambuca de madeira. Claro que a papinha estava muito mais apetitosa que da última vez, e nossa protagonista se refestelava sempre que o conteúdo aquecido do caldo encontrava suas papilas gustativas. E no lugar de um fétido Pah Pai Mei, havia uma mulher esbelta e muito prestativa segurando a colher:
- Aonde estou? – Perguntou uma atônita Lady Pena D’Morte.
- No Barril de Bó Stah. – Respondeu a exuberante criatura.
- O maior prostíbulo de Metendo Ferro? – Perguntou D’Morte.
- Isto. Mas é também a melhor taberna-hospedaria, pena que a sua fama de casa noturna se espalhe mais facilmente do que a de tabernáculo.
- Por que será? – ironizou Lady, não sentindo muito interesse na conversa vindoura.
- O dono andava me devendo uns favores, por isso estou hospedada aqui até achar um lugar para morar. Deixei meu trabalho recentemente, sabe.
- Bah! Que papinha mais deliciosa, essa! – Exclamou Lady, sem dar a mínima para a história da moça.
- E é. Feita de Porco Selvagem! – Empenhou-se a explicar – Entre nós aqui: parece que o dono andou surrupiando a receita secreta de um taberneiro de uma vila do interior. Se fosse eu quem tivesse minha culinária roubada, daria uns bons murros no ladrão.
- Ahh, com certeza. – disse Lady, com o ânimo de uma velha que acaba de colocar um fim na conversa. Mas logo se apressou -...o que aconteceu? Por que estou aqui?
- Foi este saquinho de polvilhos estragados que tu comeste, sabe, a mandioca tem propriedades tóxicas e, se não for moída direito, o polvilho pode ser venenoso.
- Certo... – Falou Lady, sem demonstrar o mínimo de entusiasmo. – De qualquer forma, obrigada por cuidar de mim, mas preciso encontrar meu amado, preciso salvá-lo!
- Jura?! Que coincidência, eu também procuro meu prometido! Como é bom estar apaixonada, não é mesmo? Parece até que tenho lombrigas no meu estômago! – Deleitou-se a jovem.
- Hmm... não seriam “borboletas no estômago?” – Corrigiu D’Morte.
- É. Pode ser. Acho que essas solitárias estão me subindo à cabeça – disse mulher, na medida em que dava pequenas pancadinhas em sua barriga. - no bom sentido, é claro. – Apressou-se.
Lady ficou pensando em qual seria o bom sentido de solitárias lhe subindo à cabeça, mas reservou esse pensamento, e, ao invés disso, disparou:
- Mas então! Ainda não nos apresentamos! Sou Lady Pena D’Morte – Sorriu.
- Prazer – Respondeu, de pronto - sou Juli Fog’Onorabo.
Seria interessante, agora, se o sorriso estampado à pouco no rosto de Lady fosse lentamente se azedando até chegar a uma expressão amarelada e retorcida na face da bela personagem. Mas como ela não tinha conhecimento da história de Juli e Salabim, manteve debilmente o sorriso na cara.
- Vamos dar uma volta. – Sugeriu Onorabo.
D’Morte assentiu.
Já era noite em Só-Tem-Pedreira. E assim lá se foram, ambas, atravessar os jardins floridos de Barril de Bó Stah. O próprio Bó Stah, que estava rastelando a grama, parou para olhar aquelas duas beldades enquanto saíam pelos portões para ir, desavisadas, passear nos becos escuros de Metendo Ferro.
- Me fale de seu amado. – Continuou D’Morte, agora já sentindo uma certa simpatia pela moça.
- Ai, ai.- suspirou Juli - Tantas coisas. Ele me presenteou com a melhor noite da minha vida. E me salvou de brutamontes deliciosos, digo, musculosos, acredita?
- Sei bem como é. – Assentiu Lady. Mas na realidade ela não sabia como era. Não tinha a menor idéia, porque até agora, o máximo que Salabim fizera por ela fora jogá-la de um precipício. Duas vezes. Mas, ainda assim, ela amava aquele bastardo.
- Qual o nome dele? – Perguntou D’Morte.
- Ah, é um nome bobinho. Tu vais até rir. Quero dizer, ele é meio tímido, mas eu realmente faria qualquer coisa para reencontrar Sinsalabim.
“.S-I-N-S-A-L-A-B-I-M.”
Essa simples combinação grotesca de letras atingiu Lady Pena D’Morte como um ferro em brasas. E no breu dos becos da capital, algo latente despertou em Lady, suscitando, por um instante, seus instintos mais enfadonhos. Algo inerente à sua antiga personalidade.
Sem hesitar, Desembainhou Pé-de-Mesa e caminhou lentamente em direção à jovem, que agora lançava olhares nervosos para o tarugo em suas mãos. Deu dois passos à frente, ergueu o toco de madeira, girou-o no ar, e, ignorando os gritos de terror da moçoila tão bem quanto as leis da física, projetou o tacape em um pranchaço certeiro, lambendo de fora a fora, a traquéia de Juli Fog’Onorabo. O Barulho seco da madeira encontrando osso e cartilagem ecoou no beco, e a única coisa que se distinguia em meio ao sangue que esguichava do corpo, era a cabeça voadora de Juli, que descreveu um arco comprido, até aterrissar no tanque de lavagem dos porcos de um taverneiro qualquer.
Lady fez um muxoxo.
- Acho que vou rebatizá-lo de Decapitator 3000! Hahahaha...Hahahaha - regozijou-se D’Morte, olhando para o Pé-de-Mesa, enquanto banhava-se no sangue inocente da moça.
Assim a figura de Lady Pena D’Morte fugiu, correndo pela noite escura da Capital. E em sua fuga, percebera que não estava arrependida de seus atos hediondos e sua consciência não a atormentava por ter assassinado tão vil e impiedosamente uma jovem do qual seu único crime fora amar. Não. Tampouco estava pesarosa ou palpitando em remorso, pois, de agora em diante, qualquer coisa que ficasse entre ela e seu amado encontraria nada senão o oblívio. E nesse dia, Lady Pena D’Morte descobriu que era ciumenta.
Sexta-Feira – 13h 45min
Desespero. É o que veria qualquer um que tivesse a chance de espiar a expressão de Sinsalabim no momento em que Paula Tejando, a verduga mais eficaz das Loucas Fornicadoras, acabava de soprar bolhinhas de sabão no rosto de Sinsalabim
E deus sabe, fazia tempo que Sinsalabim não presenteava suas pregas vocais com um grito tão estridente, lacerante e agonizante como o que acabara de soltar:
- SANTO ANTÔNIO DA PATRULHA! – Urrou Salabim com os olhos cheios de lágrimas e sabão - ISSO ARDE PRA DEDÉU!
- HAHAHA! Essa argolinha de sabão que tu tinhas, é realmente eficiente, meu jovem, realmente eficiente! – Exclamou maquiavelicamente Paula Tejando, antes de completar – e então... vai colaborar conosco?
Sinsalabim estava prestes a começar ser um bom garoto, mas antes que pudesse falar alguma coisa, a voz de Chutum Umamuranga, pode ser ouvida detrás de uma dúzia velhas que o prendiam e riam de modo um tanto suspeito:
- Não! Não me diga que... – Começou Umamuranga antevendo seu destino - ...não...não...a paçoquinha não...NÃÃÃOO!!!
Sinsalabim engoliu em seco, antes de disparar:
- O que vocês querem de mim? Eu não tenho nada a oferecer! Sou um pé-rapado, sem dinheiro nem pertences! – defendeu-se nosso herói.
- Tens razão – ponderou Paula, e percebeu que realmente nosso valente herói não tinha nada para oferecer – Acho que é melhor matá-lo de uma vez, pelo menos suas tripas terão alguma serventia, BWAHUAHUA!!!
E concluindo suas palavras, aproximou-se de Sinsalabim com uma já conhecida tesoura de circuncisão:
- Ha! É impossível cortar o que já foi torado! - Refestelou-se Salabim.
- Calado! – ordenou Tejando - Isso vai ser mais divertido do que aparenta.
Mas Paula nunca teve a oportunidade de mostrar seus dotes crudelísticos, pois, no exato instante em que se preparava para usar a tesourinha, ouviu-se um estrondo vindo da porta.
Era ela, Lady Pena D’Morte. Havia chegado para trazer a mais pura desgraça aos fracos e oprimidos. Sinsalabim não conseguia ver nada, pois sua cabeça estava sendo segurada à mesa por Paula. E, antes que os reflexos retardados da velha pudessem fazer alguma coisa, Lady começou a dançar algo que lembrava muito o “Passo do Elefantinho”, e então, com voracidade lançou sua técnica mais implacável: o Golpe dos Cinco-Pontos-Que-Explodem-Cinquenta-Coisas Aleatóriamente.
Antes que Salabim pudesse sequer fechar os olhos, houve um clarão, e após disso, restou somente a contagem das baixas.
O golpe foi sagaz, cortando, esmagando e partindo as primeiras coisas que via pelo caminho: os primeiros a sentir a força dos Cinco-Pontos foi uma família de ratazanas que tentavam filar um rango ali por perto, e sem dó nem piedade os 4 roedores foram reto ao chão. Dentre outras coisas estavam:
- 5 Baratas;
- Meia dúzia de piolhos;
- A coleção completa de álbuns do Bon Jovi que estava em uma caixa ao lado do aparelho de som;
- O próprio aparelho de som
- A Cabeça de Paula Tejando;
- O novo Aparato das Velhas;
- três brinquedinhos muito suspeitos de uma prateleira;
- a prateleira;
- os bracinhos de Paula Tejando;
- um chinelo velho;
- um engradado de SchinCola;
- um tijolo da parede;
- a tesourinha de circuncisão;
- as perninhas de Paula Tejando;
- uma lingerie;
- as 4 mulheres gordas e velhas que estavam na sala;
- um pênis de borracha.
Então, muito inesperadamente, a energia que o golpe usaria para acabar com a existência de uma dúzia de outros objetos e/ou seres vivos, foi canalizada para um objeto em especial. E, como varejeiras atraídas pelo estrume fresco, um último raio de energia acertou em cheio o Pé-de-Mesa, desintegrando-se nas mãos de Lady, que agiu como se acabasse de perder sua caneta:
- Droga, com mais alguns ajustes e ele daria um bom coçador de costas – Lamentou-se – Mas e agora, aonde irei encontrar outro desses? – Perguntou, ignorando a existência da mesa de madeira que estava a dois passos de distância. Então, em um passe, superou a perda de sua arma e desviou o foco de seus pensamentos:
“Mesmo assim, isso é muito divertido – pensou D’Morte – Tenho que usar esse golpe mais vezes!” Mas mudou logo de idéia quando viu os corpos estendidos no chão, e lembrou-se de que aleatoriamente não era uma condição muito favorável para a sua segurança, ou a de Sinsalabim.
Nosso valente herói tivera a impressão de que vira alguém no recinto, mas ainda estava atordoado pela força do golpe, e quando se levantou, viu apenas um estupefato Chutum Umamuranga com os olhos arregalados e, no mesmo instante, a expressão de surpresa passou a tomar conta do semblante de Salabim, também.
- Uau! Cara, foi tu? – Admirou-se Salabim.
Umamuranga parecia espantado demais para responder, mas antes que deixasse seus sentimentos lhe enganarem, adiantou-se:
- Eu disse que não queria a porcaria da paçoquinha, diacho!
- Do caneco esse teu Raduken! - Exclamou Sinsalabim.
- E é. Então elas te pegaram também?
- Pois é, eu estava vindo te socorrer.
- Ah! Então tu não está aqui por ter dado uns ‘pega’ na irmã caçula da Paula, eh?
- Irmã caçula? – Perguntou Sinsalabim.
- Isso mesmo, era aquela ali ó – Apontou Chutum para uma velha moribunda no chão.
- Como assim? – Exitou Salabim (Rimou!)
- Ela mesmo – respondeu Umamuranga cheio de si – dois aninhos mais nova e um ‘corpitcho’ que é uma tetéia, que achas?
Nosso herói resolveu ignorar o gosto peculiar de Chutum, e lembrou-se de que deveria estar de volta na espelunca de sua taberna até o anoitecer, posto que hoje era dia do “tiro à cereja”. Mas antes, iria visitar Véiues Croto e Curoal Oprada para saber de seu próximo trabalho.
Mas Só-Tem-Pedreira é um lugar Cruel.
Muitos dizem que o Mal não dorme à noite, pois está sempre na espreita, vigilante como um corvo à carnificina. Ledo engano. Os seres mais perigosos são aqueles que têm uma boa e farta noite de sono: Átila, o Huno hibernava durante o inverno; Saladino dormia maravilhosamente bem com suas 160 mulheres, e Júlio Cesar acordava às 11. Pois é nas noites tranqüilas que os sonhos mais criativos surgem. E com certeza, os sonhos de Só-Tem-Pedreira não remetem a coelhinhos saltitantes. Não, eles são a encarnação da mais pura maldade.
Sinsalabim chegou ao pardieiro do Círculo de Sábios, levando Umamuranga, que insistiu em conhecer os sábios Anciões. Mas chegando lá, encontraram apenas um bilhete fixo à porta trancada:
“Meninu qui içquecemu u nomi,
Incontri arguém qui póça, pruquê, infilismenti num pudêmu maiz ajudá ocê cum us trabáio.
Us homi tão atráiz di nóiz. Nunca maiz nus prucuri.
Mas antis vamu fazê uma urtima prufeçia procê:
‘Córri pruquê elis tão atrais di tu também’ ”
- Mas que f... – começou Sinsalabim, já xingando os velhos em pensamento, entretanto, nunca teve tempo de concluir seus maldizeres, pois, uma voz vinda de suas costas o fez girar nos calcanhares, só para perceber Chutum Umamuranga imobilizado por 4 capangas enquanto outros 3 vinham em sua direção com o maior porrete que já vira na vida.
Então tudo ficou escuro.
Sexta-Feira - Horário Indefinido
Salabim acordou com algo nojento pingando em sua cabeça. Chutum Umamuranga ainda se encontrava desmaiado num canto. Estava escuro, e a única coisa que percebeu foi que estava preso em uma cela nos subterrâneos. Escutava o barulho de carroças e pessoas passando em cima do teto da masmorra e assumiu que, pelo movimento, deveria estar embaixo de alguma feira ou mercado. O líquido escorria pelo teto e o cheiro nauseabundo do local fechado o deixava atordoado. Olhou em volta e percebeu que havia mais celas, mas não pode dizer se estavam ou não sendo ocupadas, porém, quando se virou, viu uma figura sentada devaneando em um banquinho no fundo do encarcere.
- Roy? – Exclamou Sinsalabim.
- ROY?! É VOCÊ? – perguntou novamente.
- Sinsalabim? – perguntou atônita a figura, voltando-se para a voz que acabara de lhe chamar – Como é que...- começou, mas fora interpelado por um outro sujeito:
- Porra Roy, é sempre assim, porque tu não me deixa dormir um pouco para variar? – e quando viu que Salabim estava de pé, acrescentou em uma voz nem um pouco animadora – Ah, então você acordou.
- E quem és tu, ó fétido dorminhoco? – Perguntou Salabim, tentando ser imponente.
- Sou Lê Proso – respondeu o homem, pondo-se de pé. Era um cara alto, com a barba por fazer, com o corte de cabelo a fazer e com as unhas também por fazer. As roupas do corpo não tinham sido costuradas direito, de modo que, pode se dizer, também estavam por fazer. Pensando bem, havia muito que ser feito com o pobre e coitado sujeito.
- Prazer, sou Sinsalabim. E aquele ali – Falou, apontando para a carcaça do gnomo – É Chutum Umamuranga. - Em seguida continuou:
- O que vocês fazem aqui?
- É uma longa história- Começou Roy – Quando tu saíste da Pedra da Picadura, eu tive quec c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c c
(AVISO: PROGRAMAÇÃO INTERROMPIDA)
Desculpem-nos o transtorno. Devido uma falha técnica estaremos suspendendo temporariamente a continuação deste episódio.
Assim que o problema for resolvido, continuaremos a transmissão.
OBRIGADO PELA COMPREENSÃO.
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
Os 12 Trabahos de Sinsalabim - Capítulo 5: Meu Nome é Salabim, Simsalabim
Nosso destemido herói Sinsalabim estava em Alfa Centauro. Não porque estava entorpecido pelos chás de cogumelos de Véiues Croto e Curoal Oprada, mas porque finalmente estava seguro que teria uma missão fácil pela frente. Depois de ter penado para conseguir traçar Juli Fog' Onorabo no Barril de Ouro (filial, é sempre importante lembrar), a próxima tarefa para resolver seria resgatar Chutum Umamuranga da gangue das Loucas Fornicadoras. "Empreitada Fácil" pensava Sinsalabim. "Essas mulheres devem ser um bando de gostosas, e daí é só chegar lá, saciar elas e pronto!"
Com esse panorama fixado em sua mente, Sinsalabim foi consultar o chefe da milícia de Metendo Ferro, o capitão Porrad N'apinha, no forte central.
-Capitão...queria saber onde fica o reduto das Loucas Fornicadoras - perguntou o curioso aventureiro.
-E por quê você quer ir até lá? - perguntou o oficial.
-Eu tenho que resgatar um parceiro, e de quebra quero fazer uma orgia com elas...
-Tu tá loco meu guri?! - retrucou espantado o capitão - Aquelas velhas só tem pelanca, e são malvadas e impiedosas. Você não quer se meter com elas.
-Então elas não são gostosas?
-Claro que não!
-Sem peitos grandes?
-Hmmm...NÃO!
-E têm maldade no coração?
-Com Certeza! Tá vendo o sargento alí? - o capitão apontou para um sujeito sentado que tremia constantemente, e sua cara de terror era assustadora. - Bem...o sargento um dia foi fazer a ronda lá pelas bandas do reduto das Loucas Fornicadoras e voltou assim! Nem quero imaginar o que aquelas velhotas taradas fizeram com ele!!! Por isso, eu te aconselho a ficar longe daqueles dragões e suas roupas de couro!
Depois de seu encontro com o Capitão, Sinsalabim mudou drasticamente de comportamento. Estava depressivo, desiludido. O que fazer? Antes pensava que ia faturar legal....mas a realidade se mostrou diferente, e ele não estava a fim de enlouquecer, vítima das estripulias sexuais de um bando de coroas.
Mas então... suas esperanças voltaram. Sim. Ali no latão de lixo, no beco. Em meio à fraldas usadas e restos podres de comida, em meio ao fedor nauseabundo, ele encontrou uma saída. Uma saída na forma de um livro: "O livro lrarânja do agente secreto calouro, para idiotas".
Tudo bem que tinha um erro ortográfico...e que a capa do livro era verde, mas fora isso, ali estava a resposta para entrar no covil da gangue das Loucas Fornicadoras na maciota e salvar Chutum Umamuranga. Sinsalabim nem titubeou: já abriu o livro para mergulhar no mundo da espionagem. O volume começava assim:
"Você é um idiota?"
-Sim - respondeu Sinsalabim.
"Você quer ser uma agente secreto?"
-Sim!! - tornou a exclamar o herói.
"Então você está lendo a coisa certa!"
-Urra! - gritou Sinsalaba, espantado com a sua vocação para a espionagem.
"Ok! Agora que você está imantado com o espírito do agente secreto, vamos ao trabalho! A primeira coisa a fazer é vestir um terno maneiro e besuntar o cabelo com um gel de primeira."
E agora? Sinsalabim não tinha nenhum terno, e não sabia o que era "gel". Desesperado, o valente herói pensou em ir até um alfaiate, mas o problema é que não tinha dinheiro. Então, ele teve a brilhante idéia de consultar o livro novamente.
"Se você precisa de um terno, mas não tem dinheiro, aqui está um passo-a-passo ilustrativo para você fazer o seu próprio terno! É só seguir as instruções!"
Então, com muito esforço, Sinsalabim conseguiu fazer um terno com alguns sacos de lixo, bigode de vira-lata e esterco de mosca. Mas ainda precisava de gel. Porém o livro possuía uma lista de fornecedores de fundo-de-quintal que conseguiam um gel tarja-preta à prazo, e então esse obstáculo foi solucionado rapidamente.
"Agora o próximo passo é se armar! Todo agente secreto deve estar preparado para o pior! Então, aqui vai uma lista de armas que serão úteis em qualquer buraco em que você possa se meter! (para ver como a qualidade do livro não era das melhores, não havia na lista o item 'pé-de-mesa')."
Como Sinsalabim estava durango, ele teve que catar na rua alguns dos itens da lista, ou seja: uma faca no estilo Rambo (a que Sinsalabim pegou era uma espadinha do "Pula Pirata"), um nunchako (Sinsalabim conseguiu achar uma corda de pular surrada) e uma zarabatana dos Pigmeus da Floresta com dardos envenenados (no caso, aquelas argolinhas para fazer bolhas de sabão deram para o gasto).
No livro constava ainda uns capítulos sobre contatos orientais, Batcavernas e "companheiros que só servem para ser presos e/ou traírem você no meio da missão", mas não havia tempo, e então Sinsalabim foi direto para a parte do "invadir o local, matar todo mundo, pegar a mocinha e ir em direção ao pôr-do-sol".
Mas para fazer isso, Sinsalabim tinha que ir até o local do reduto da gangue das Loucas Fornicadoras, ou seja, um edifício condenado no norte de Metendo Ferro. Chegando lá, viu na entrada do local uma dupla de velhotas vestindo casacos de couro, munidas de correntes e acariciando de um modo digamos....estranho seus cavalos (que suavam frio e se entreolhavam assustados). Sinsalabim, sem saber o que fazer, folheou o livro.
"Se a base que você quer invadir é:
a) Uma mansão de alta segurança, com guardas e coisas do tipo, vá até a página 76.
b) Um castelo com bruxas, cavaleiros e masmorras, vá até a página 76.
c) Um edifício condenado com duas velhas na vigília, vá até a página 76.
d) Um covil subaquático, com tubarões, arpões e vilões mutantes, vá até a página 76."
Naturalmente, Sinsalabim foi até a página 76 (a folha seguinte). Lá só havia três linhas.
"Ache o tubo de ventilação ou o esgoto e entre. Se não houver tubo de ventilação ou esgoto....putz, sei lá... vai de catapulta!HAHAHAHAHAHA! Catapulta! Essa foi muito boa!"
Felizmente para o valente espião, havia um cano enorme de esgoto, e ele foi entrando. Depois de mergulhar no tolete, Sinsalabim saiu do túnel por uma patente, e de imediato foi consultar as páginas agora marrons do livro.
"Ok, agora que você entrou, está na hora de fazer o que você deve fazer, a hora da verdade chegou, mas antes é importante se prevenir com:
a) Capangas. Elimine-os com seus itens de alta tecnologia e com artes marciais.
b) O sub-vilão. Sempre há um. Normalmente é um sujeito bizarro, com alguma parte de seu corpo substituida por ferro animado e/ou superforça, etc.
c) O vilão. Esse é o mais foda, o mais inteligente. Veja adiante como derrotá-lo.
d) A dura realidade. Você será capturado. Isso mesmo. Uma hora ou outra vão prender você e te imobilizarão junto à algum aparelho de tortura exótico.
e) Prepare algumas frases de efeito maneiras, porque um agente sem classe não tem graça.
Sabendo o que ia enfrentar, Sinsalabim foi à luta. Seguindo pelos corredores do prédio, se deparou com uma velhota. Essa tentou agarrá-lo, urrando "Você é meu! Finalmente vou poder jogar o 'Joguinho da Cenoura e do Guarda-Chuva!!'. Mas Sinsalabim, astuto, conseguiu pegar sua corda de pular, e aplicou um golpe com um dos cabos de madeira bem na testa da coroa, que caiu com um estrondo no chão. Pena que o outro cabo bateu na sua própria nuca, e ele também tombou desacordado.
Quando acordou, Sinsalabim se viu numa mesa de madeira, com suas pernas e braços imobilizados. No fundo da sala, sentado e amarrado, viu Chutum Umamuranga, que salivava e parecia estar em outro Universo, pois murmurava "Eu já passei geléia! Eu já passei geléia!". Mas essa era apenas uma das preocupações de Sinsalabim, pois ele estava rodeado de mulheres gordas e de idade avançada, dentro de suas roupas de couro e com seus aparelhos sórdidos.
Uma delas, que se vestia de forma espalhafatosa (ao seu lado se encontrava uma velha gigante), se adiantou e falou:
-Você, jovem, irá cooperar? Se não fizer isso, utilizaremos nosso mais novo aparato em você!!!
Sinsalabim não sabia o que fazer. Não estava mais com seu livro, e nenhuma frase de efeito veio à sua mente.
E agora? Será que Sinsalabim conseguirá salvar Chutum Umamuranga e completar a tarefa? Quais são as sórdidas intenções da gangue das Loucas Fornicadoras? E o que Lady Pena D'Morte e Juli Fog' Onorabo farão se encontrarem o destemido herói?
Com esse panorama fixado em sua mente, Sinsalabim foi consultar o chefe da milícia de Metendo Ferro, o capitão Porrad N'apinha, no forte central.
-Capitão...queria saber onde fica o reduto das Loucas Fornicadoras - perguntou o curioso aventureiro.
-E por quê você quer ir até lá? - perguntou o oficial.
-Eu tenho que resgatar um parceiro, e de quebra quero fazer uma orgia com elas...
-Tu tá loco meu guri?! - retrucou espantado o capitão - Aquelas velhas só tem pelanca, e são malvadas e impiedosas. Você não quer se meter com elas.
-Então elas não são gostosas?
-Claro que não!
-Sem peitos grandes?
-Hmmm...NÃO!
-E têm maldade no coração?
-Com Certeza! Tá vendo o sargento alí? - o capitão apontou para um sujeito sentado que tremia constantemente, e sua cara de terror era assustadora. - Bem...o sargento um dia foi fazer a ronda lá pelas bandas do reduto das Loucas Fornicadoras e voltou assim! Nem quero imaginar o que aquelas velhotas taradas fizeram com ele!!! Por isso, eu te aconselho a ficar longe daqueles dragões e suas roupas de couro!
Depois de seu encontro com o Capitão, Sinsalabim mudou drasticamente de comportamento. Estava depressivo, desiludido. O que fazer? Antes pensava que ia faturar legal....mas a realidade se mostrou diferente, e ele não estava a fim de enlouquecer, vítima das estripulias sexuais de um bando de coroas.
Mas então... suas esperanças voltaram. Sim. Ali no latão de lixo, no beco. Em meio à fraldas usadas e restos podres de comida, em meio ao fedor nauseabundo, ele encontrou uma saída. Uma saída na forma de um livro: "O livro lrarânja do agente secreto calouro, para idiotas".
Tudo bem que tinha um erro ortográfico...e que a capa do livro era verde, mas fora isso, ali estava a resposta para entrar no covil da gangue das Loucas Fornicadoras na maciota e salvar Chutum Umamuranga. Sinsalabim nem titubeou: já abriu o livro para mergulhar no mundo da espionagem. O volume começava assim:
"Você é um idiota?"
-Sim - respondeu Sinsalabim.
"Você quer ser uma agente secreto?"
-Sim!! - tornou a exclamar o herói.
"Então você está lendo a coisa certa!"
-Urra! - gritou Sinsalaba, espantado com a sua vocação para a espionagem.
"Ok! Agora que você está imantado com o espírito do agente secreto, vamos ao trabalho! A primeira coisa a fazer é vestir um terno maneiro e besuntar o cabelo com um gel de primeira."
E agora? Sinsalabim não tinha nenhum terno, e não sabia o que era "gel". Desesperado, o valente herói pensou em ir até um alfaiate, mas o problema é que não tinha dinheiro. Então, ele teve a brilhante idéia de consultar o livro novamente.
"Se você precisa de um terno, mas não tem dinheiro, aqui está um passo-a-passo ilustrativo para você fazer o seu próprio terno! É só seguir as instruções!"
Então, com muito esforço, Sinsalabim conseguiu fazer um terno com alguns sacos de lixo, bigode de vira-lata e esterco de mosca. Mas ainda precisava de gel. Porém o livro possuía uma lista de fornecedores de fundo-de-quintal que conseguiam um gel tarja-preta à prazo, e então esse obstáculo foi solucionado rapidamente.
"Agora o próximo passo é se armar! Todo agente secreto deve estar preparado para o pior! Então, aqui vai uma lista de armas que serão úteis em qualquer buraco em que você possa se meter! (para ver como a qualidade do livro não era das melhores, não havia na lista o item 'pé-de-mesa')."
Como Sinsalabim estava durango, ele teve que catar na rua alguns dos itens da lista, ou seja: uma faca no estilo Rambo (a que Sinsalabim pegou era uma espadinha do "Pula Pirata"), um nunchako (Sinsalabim conseguiu achar uma corda de pular surrada) e uma zarabatana dos Pigmeus da Floresta com dardos envenenados (no caso, aquelas argolinhas para fazer bolhas de sabão deram para o gasto).
No livro constava ainda uns capítulos sobre contatos orientais, Batcavernas e "companheiros que só servem para ser presos e/ou traírem você no meio da missão", mas não havia tempo, e então Sinsalabim foi direto para a parte do "invadir o local, matar todo mundo, pegar a mocinha e ir em direção ao pôr-do-sol".
Mas para fazer isso, Sinsalabim tinha que ir até o local do reduto da gangue das Loucas Fornicadoras, ou seja, um edifício condenado no norte de Metendo Ferro. Chegando lá, viu na entrada do local uma dupla de velhotas vestindo casacos de couro, munidas de correntes e acariciando de um modo digamos....estranho seus cavalos (que suavam frio e se entreolhavam assustados). Sinsalabim, sem saber o que fazer, folheou o livro.
"Se a base que você quer invadir é:
a) Uma mansão de alta segurança, com guardas e coisas do tipo, vá até a página 76.
b) Um castelo com bruxas, cavaleiros e masmorras, vá até a página 76.
c) Um edifício condenado com duas velhas na vigília, vá até a página 76.
d) Um covil subaquático, com tubarões, arpões e vilões mutantes, vá até a página 76."
Naturalmente, Sinsalabim foi até a página 76 (a folha seguinte). Lá só havia três linhas.
"Ache o tubo de ventilação ou o esgoto e entre. Se não houver tubo de ventilação ou esgoto....putz, sei lá... vai de catapulta!HAHAHAHAHAHA! Catapulta! Essa foi muito boa!"
Felizmente para o valente espião, havia um cano enorme de esgoto, e ele foi entrando. Depois de mergulhar no tolete, Sinsalabim saiu do túnel por uma patente, e de imediato foi consultar as páginas agora marrons do livro.
"Ok, agora que você entrou, está na hora de fazer o que você deve fazer, a hora da verdade chegou, mas antes é importante se prevenir com:
a) Capangas. Elimine-os com seus itens de alta tecnologia e com artes marciais.
b) O sub-vilão. Sempre há um. Normalmente é um sujeito bizarro, com alguma parte de seu corpo substituida por ferro animado e/ou superforça, etc.
c) O vilão. Esse é o mais foda, o mais inteligente. Veja adiante como derrotá-lo.
d) A dura realidade. Você será capturado. Isso mesmo. Uma hora ou outra vão prender você e te imobilizarão junto à algum aparelho de tortura exótico.
e) Prepare algumas frases de efeito maneiras, porque um agente sem classe não tem graça.
Sabendo o que ia enfrentar, Sinsalabim foi à luta. Seguindo pelos corredores do prédio, se deparou com uma velhota. Essa tentou agarrá-lo, urrando "Você é meu! Finalmente vou poder jogar o 'Joguinho da Cenoura e do Guarda-Chuva!!'. Mas Sinsalabim, astuto, conseguiu pegar sua corda de pular, e aplicou um golpe com um dos cabos de madeira bem na testa da coroa, que caiu com um estrondo no chão. Pena que o outro cabo bateu na sua própria nuca, e ele também tombou desacordado.
Quando acordou, Sinsalabim se viu numa mesa de madeira, com suas pernas e braços imobilizados. No fundo da sala, sentado e amarrado, viu Chutum Umamuranga, que salivava e parecia estar em outro Universo, pois murmurava "Eu já passei geléia! Eu já passei geléia!". Mas essa era apenas uma das preocupações de Sinsalabim, pois ele estava rodeado de mulheres gordas e de idade avançada, dentro de suas roupas de couro e com seus aparelhos sórdidos.
Uma delas, que se vestia de forma espalhafatosa (ao seu lado se encontrava uma velha gigante), se adiantou e falou:
-Você, jovem, irá cooperar? Se não fizer isso, utilizaremos nosso mais novo aparato em você!!!
Sinsalabim não sabia o que fazer. Não estava mais com seu livro, e nenhuma frase de efeito veio à sua mente.
E agora? Será que Sinsalabim conseguirá salvar Chutum Umamuranga e completar a tarefa? Quais são as sórdidas intenções da gangue das Loucas Fornicadoras? E o que Lady Pena D'Morte e Juli Fog' Onorabo farão se encontrarem o destemido herói?
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