quarta-feira, 11 de março de 2009

Os 12 Trabalhos de Sinsalabim - Capítulo 9: A zebra, a Lâmpada e o Cozinheiro

Uma cena clássica em filmes de suspense é aquela em que o herói ou a heroína da película corre do perigo e, de repente, tropeça numa pedra, numa raiz de árvore ou num objeto qualquer. Pois é, mas isso não acontece apenas com personagens bonzinhos, principalmente quando o fato ocorre em Só-Tem-Pedreira. Caso do Sadiboy que, vendo seus comparsas serem dominados, correu com suas calças (ou metade das calças, sei lá) na mão. Ao fugir de Sinsalabim, o sádico carcereiro tropeçou em uma pedra. Ele até conseguiu se recompor (até porque Sinsalabim também tropeçou na pedra), mas logo depois tropeçou numa raiz de árvore (sim, no subterrâneo) e em dezenas de objetos que não há necessidade de citar. Resumo da ópera: o destemido herói capturou o último Sadiboy.

Assim, o quarteto aprisionou os seus captores, trancaram-nos na cela e, como não havia mais prisioneiros para libertar, seguiram o corredor que saía da prisão - eles até pensaram em extrair informações dos Sadiboys, mas eles pareciam imunes a quaquer tipo de técnicas de interrogatório, e pareciam até gostar delas.

Quando chegaram ao fim do caminho, deram de cara com uma porta de madeira, à esquerda, e mais dois corredores, à frente e à direita. Como precisavam de um lugar para discutir os próximos movimentos, entraram na porta.No recinto não havia ninguém, apenas um monte de bugigangas. Muitas bugigangas. Bastante mesmo. E das mais variadas espécies.

- Ok - cochichou Roy - temos de dar o fora daqui.
- Beleza... - mas como? - indagou Chutum Umammuranga.
- Já sei! - exclamou Sinsalabim - vamos nos disfarçar de guardas e sair desse covil subterrâneo numa boa!
- Mas aqui nesse muquifo não tem uniformes... - replicou Lê Proso - vamos ter que achar outra coisa.
- Bem, achei aqui uma roupa de cozinheiro...acho que vai servir... - disse Roy.
- Pffff...essa tua coisa aí não engana ninguém! - exclamou Sinsalabim - saca só essa roupa de um cavalo com pijama que eu achei aqui!! Isso sim que é disfarce foda!
- Como assim, seu idiota! - replicou Roy - Para começo de conversa, isso aí é uma fantasia de uma zebra. Depois, como tu pretende enganar alguém com esse treco?
- Até que é legal... - comentou Lê Proso.
- Tu que não sabe das coisas...por acaso você já leu algum livro sobre espionagem? - perguntou Sinsalabim.
-Não... - respondeu o eremita.
- Exato!! Pois saiba que eu já decorei um volume inteiro sobre as mais avançadas técnicas de espionagem!! E para mim fica óbvio que essa tua roupa de agricultor...
- Cozinheiro.
- ...Cozinheiro é muito fraca! Ela mostra a sua identidade, o seu rosto! Com o disfarce de cavalo de pijama eu encubro a minha identidade! HA!! - finalizou um Sinsalabim todo cheio de si e vitorioso.
- Faz sentido... - ressaltou Lê Proso.
- Que seja! Vocês dois vestem esse troço aí e eu vou de cozinheiro! E tu, Chutum, tu vai como?
- Bem...é meio difícil achar roupa para o meu tamanho...só achei essa fantasia aqui de peso de papel e essa outra aqui de uma lâmpada de óleo... acho que vai ter que ser essa... - resignou-se o gnomo.
Roy estava prestes a explodir, mas conteve seus nervos e prosseguiu.
- Agora...como vamos sair desse lugar?
- Acho que devíamos nos separar... - opinou Sinsalabim.
- Separar!? Você está louc...
- Eu sou o espião profissional aqui. Se nos separarmos em duplas, triplicamos as chances de achar a saída!!
- Primeiro: as chances são duplicadas. Depois, como você pretende que as duplas se comuniquem, caso uma ache a saída?
- Talvez a gente fizesse um telefone com aquelas latas de ervilha e aquele rolo de barbante - opinou Lê Proso.
- Ou a gente podia fazer sinais de fumaça! - interveio o gnomo.
Cansado de tanta asneira, Roy não se conteve e simplesmente determinou:
- Na hora a gente vê... vamos só cair fora desse buraco.

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Após ter arrancado as informações que precisava dos arautos da seita Bamboonocoo, Lady Pena D'Morte se dirigiu imediatamente à casa de Pira Nha'pelo Rosa. E que casa. Uma mansão na realidade, situada no bairro nobre da cidade. Lady entrou no enorme terreno e bateu na porta e, segundos depois, uma mulher muito bem vestida atendeu:
- Oi...você é Pira Nha'pelo Rosa?
- Não, sou apenas a governanta...a madame está lá nos fundos da casa - respondeu a senhora.
- Eu gostaria de falar com ela...é muito importante. Pah Pai Mei me enviou. - anunciou Pena D'Morte.
A governanta corou imediatamente ao ouvir o nome do velho mestre, como se pensamentos que já haviam sido esquecidos voltassem à tona, mas se recompôs e por fim disse:
- Siga-me por favor. Levarei você até a madame.
Depois de um tempo caminhando entre os corredores grandiosamente decorados da mansão, a governanta apontou para uma velha senhora, sentada numa cadeira e jogando paciência.
- Pira Nha'pelo Rosa? - indagou Lady Pena D'Morte.
- Não...essa ali é a minha mãe... - só queria cumprimentá-la.
Meia hora depois, avançando pelos quartos do palacete, as duas encontraram uma senhora de uns 40 e poucos anos, que estava jogando bilhar em uma sala.
- Pira Nha'pelo Rosa? - perguntou novamente Lady Pena D'Morte.
- Não... essa é a cozinheira....
Mais alguns minuto depois, novamente as duas avistaram uma outra mulher, sorridente, que estava se dirigindo para os jardins da mansão.
- Pira Nha'pelo Rosa? - indagou Lady.
- Não... essa é a jardineira...
Lady Pena D'Morte já estava de irritada, mas ela ficaria preocupada se soubesse a gravidade de sua situação. Pois ela estava sendo observada. Sim. Juli Fog’Onorabo estava tramando algo para vingar-se. Pelo menos era isso que ela queria. Pois a situação dela não era das mais fáceis. Ela tinha que trabalhar...trabalhar muito... Só-Tem-Pedreira é um lugar cruel, é sempre bom frisar, e assim a aprendiz de ceifador é muitas vezes requisitada...
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Roy e Chutum Umammuranga foram pelo corredor central e não encontraram resistência. O único problema foi quando um guarda pediu para acender a lâmpada para que ele conseguisse ler um pergaminho qualquer, mas um dia os cabelos de Chutum voltarão a crescer...
Enfim, logo depois desse imprevisto os dois acharam uma enorme escadaria circular, e subiram com grande afobação e euforia. Depois de subirem muito - mais que o necessário para chegar na superfície - a dupla se deparou com uma porta. Roy não demorou para derrubá-la com umas voadoras - o eremita sabe lutar particularmente bem - mas não foi a luz do dia que os dois encontraram.

Eles se depararam com uma pequena sala circular, com o limo tomando conta das paredes de pedra e, acorrentado na parede, um sujeito de cabelos e barba grisalhos.
- Quem é você - indagou a lâmpada falante.
- Simsalabutz- respondeu o sujeito.

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A vida de Sinsalabim e Lê Proso não foi tão fácil. Primeiro que no interior da fantasia de zebra havia um fudum violento, já que não havia muito espaço para entrar ar - Lê Proso já estava acostumado, mas Sinsalabim sentia náuseas. E ainda, Cinco minutos depois de terem percorrido o corredor da direita eles se depararam com um guarda defendendo uma porta de ferro. Felizmente o soldado parecia ter tomado todas, mas o seu estado não o impediu de avistar os valentes heróis.
- Ic! Quiquié issu! Um...umi...uma...uma antílope!! - exclamou o guarda.
- Imita uma zebra aí!! - cochichou Lê Proso, que estava com a parte de trás da fantasia.
- Hmmmmm... BÉÉÉÉÉ!! - bradou Sinsalabim.
- Putz!! Issu aí num é barulhu di antílope não! - estranhou o bebum.
- Fazer o quê! Eu não sei imitar uma zebra! Além do mais eu queria ser um cavalo de pijama! - redarguiu Sinsalabim.
- O que você fez, seu animal! Não era para falar!! - berrou Lê.
- Ihhhh! Até a bunda du bicho fala!!IIICC!! - espantou-se o vigia.
- Não é o que parece... - tentou explicar-se Sinsalabim, sofrendo de forte enjoo.
- Não tem prubrema... eu volta e meia converso comigo mesmo também...é normal... - tranquilizou o sentinela.
- Ceeeerto... - respondeu a parte de trás da zebra, em tom sarcástico.
- Mas, me diz aí...que papo é esse di pilami...pijami...pizza...isso aí... - perguntou o soldado.
- Sabe como é - respondeu a zebra - as pessoas ficam impondo certos parâmetros e a gente tem que concordar... a sociedade não sabe compreender as nossas vontades, as nossas ambições, os nossos desejos.
- Cuncordo! Si tu qué ser um antílope feitu de pizza, tudo bem!! Salve!! - urrou o alcoolizado guarda.
- Salve!! - esbravejou o trazeiro da zebra.
- Salv-UUUAAAAAAAARRRRRGGGGG!!! - gorfou a zebra, claramente enjoada.
- Vamu tomá um drinki para celebrar a nossa liberdade!! Só não sei como eu faço com a bunda alí... eu boto a cerveja naquele buraquinho ali ou...
- Não temos tempo... - interrompeu a zebra - temos que passar por essa porta de qualquer jeito.
- Sem pubrema - falou o sentinela - eu não me importo... isso aqui é só um bico mesmo... na real eu trabalho numa taverna chamada Barril de Bó Stah.
- Então, adeus!! - relinchou a zebra.
- Até a vista!! - bramiu o traseiro da zebra.
- Fal...UUUUUAAAAAARRRRRGGGGGG!! - disse o guarda, emporcalhando toda o cavalo de pij...digo, zebra.

Depois de passarem pela porta, Sinsalabim e Lê Proso tiraram a fantasia - que estava fedendo - e deram de cara com mais dois corredores. Seguiram pelo da direita novamente e de repente entraram numa grande sala e ficaram estáticos de espanto. Pois ali naquele recinto encontraram, igualmente estáticos, o seu tio Sensaladim e mais um punhado de capangas. Todos ficaram se olhando por um tempo até que Sensaladim controlou o seu susto:
- Sobrinho... que agradável surpresa... - comentou.
- Cadê a Hera Ben' Sadik? - berrou o herói, se recompondo.
- Cativa num lugar secreto... - respondeu o velho - mas isso não importa! Nem quero saber como chegou aqui! O que me interessa é que você tem doze tarefas para cumprir e faltam dez!! Se não, nunca vera Hera novamente!! HAHAHAHAHAHA!!!

Sinsalabim nada fez, apenas ficou furioso porque sabia a verdade. Já Lê Proso também não fez nada, pois não sabia o que estava acontecendo.

- Mas vamos cortar o papo e ir direto para o que interessa: a terceira tarefa. - disse calmamente o eremita de araque - Na sua próxima missão, você terá que capturar Narisdito Mada, o porco selvagem gigante.
- Não parece grande coisa... - comentou o destemido aventureiro, tentando parecer corajoso.
- Veremos...BWAHAHAHAHAHAH!! - riu Sensaladim.
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E aí está a terceira tarefa. Será que Sinsalabim conseguirá escapar dessa? Será que o tio de Sinsalabim saíra vitorioso? Quem será Simsalabutz? E agora que Lady Pena D'Morte está prestes a encontrar Pira Nha'pelo Rosa, será que Juli Fog'Onorabo conseguirá efetuar a sua vingança? Continue ligado.




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