Era crepúsculo no vale. O sol escorria por trás da curva do rio como um coágulo vermelho e empolado, derramando as últimas gotas da sangria antes de se fechar em uma ferida esdrúxula.
A névoa pútrida pairava nos urzais, fazendo as torgas se envergarem nos aparados mais altos, fugindo do cheiro de betume e enxofre que se espalhava pelo vale.
A bruma avançava rápido, ceifando os campos tão vorazmente quanto a última colheita antes do inverno. A mão da morte tocava o terreno elevado, e, com fatal parcel, atingiu as ameias na fenda da depressão central. Demorou-se por um segundo antes de ruir, como que por um capricho, uma benevolência que atrai aquela nesga de esperança inútil antes da calamidade.
E então fudeu. A névoa descia em investida pelo desfiladeiro, e toda a fauna existente entre o rio e o aclive tentava, estupidamente, o que parecia ser um suicídio coletivo.
A degradação havia chegado àquele desafortunado descampado. Doninhas caíam enrijecidas no chão, cachorros se entregavam ao coito como se o apocalipse fosse vindouro e Maradona se encontrava em overdose, estirado em um canto qualquer. Mas, em meio ao pandemônio, ninguém se lembrou de que quando a Morte se gava, Zeca Gava também. E não mais do que de repente, repentinamente, de súbito, inopinadamente, bruscamente e de forma inusitada, a névoa se dissolveu, deixando apenas uma figura visível em meio à ruína total. Borgan.
Verca Nhão novamente desaparecera, e Borgan estava um trapo. Mal conseguia abrir os olhos, e sua visão embaçada distinguiu uma figura se movendo em sua direção...
Uma figura imponente besuntada em vaselina, vestindo uma sunguinha e brandindo uma espada de borracha, se abaixou e ergueu o Orc. Então toda sua angústia fora liberada, e um calor gostoso se alojou em seu peito. E tudo ficou escuro.
Borgan estava deitado quando abriu os olhos, e o que viu assombra seus sonhos até hoje: dois figurões debruçados por cima de seu corpo... um era um velho de feições amigáveis e aparência um tanto quanto pedófila, tipo cientista maluco. O outro era seu salvador, ainda besuntado em vaselina, vestindo uma sunguinha e brandindo o mastro de borracha. Borgan teve que admitir que, olhando agora, ele era muito menos imponente do que antes; na verdade era um tanto quanto ridículo, para não mencionar gay.
Olhando ao redor percebeu que estava em uma caverna. Nada havia de diferente alí, a não ser as paredes decoradas com pôsters de meninas de 14 anos, os quais acabaram por chamar a atenção de nosso herói que, em toda sua magnitute moral, pensou: “porra, elas são gostosas!”.
Pressentindo uma situação embaraçosa, o guerreiro resplandescente (as luzes dos archotes na caverna refletiam em seu corpo engraxado), apressou-se:
- Eu sou Bai Tabixóvski, seu salvador! Agradeça sua bunda, digo, sua vida à mim. Disse o Grandão besuntadão (rimou!).
- E este, continuou Bai Tabixóvski, apontando para o velhinho de óculos [que agora se encontrava na sala do bate-papo da UOL com o codinome de: ‘P₳p₳i dá ©oLinH☼’] este é o Dr. Schupen Pausen.
Nesse momento, Dr. Schupen Pausen se vira, e, olhando para Borgan por sobre seus óculos, escolhe meticulosamente suas próximas palavras e dispara:
-Quantos anos vc tem?
- Que? Exclama o orc embasbacado.
- Quantos anos vc tem? Repete o Dr.
- 42. responde o Orc.
- Droga! Digo, Vejo... responde um Dr. Pausen todo tristonho.
- Vc tem irmão? Apressa-se o velhinho, sorrindo ligeiramente.
- Não...Peraí! - Borgan começa a raciocinar – pra que tu quer saber?
- Er, hm, é... para dar as boas notícias... então, qual o e-mail dele?
- Que?!?!?!?
- Ta bom, ta bom, já entendi, sem irmão...uma irmã quem sabe?
-...
- Tá, parei, responde ligeiramente o velhote mediante ao olhar 69 de Borgan.
- Enfim, continua, seu corpo sofreu graves lesões (Bai Tabixóvski, nesse momento dá uma tossida, coça a cabeça e desvia o olhar, tentando, sem sucesso, fazer uma cara de inocente). Portanto, tivemos que fazer uma combinação genética urgente para salvar sua vida, porém, cobaias humanas vivas mantidas em cativeiro, são difíceis de encontrar, Tentamos catar alguns orcs também, mas é mais divertido matá-los do que capturá-los.
- Meu corpo? Pergunta Borgan com uma palidez incomum em seu rosto. - O que o senhor quer dizer com isso?
-Tivemos que usar a primeira matéria viva que encontramos e, portanto, a operação não foi o que podemos chamar de um sucesso total e absoluto, mas deu pra quebrar um galho legal...olhe para seu corpo e entenderás.
E em um momento de desespero, Borgan, que estava mais preocupado em saber onde estava e quem eram aquelas pessoas que haviam salvado sua vida, não percebeu que havia algo errado abaixo de seu pescoço. Desesperadamente tenta fechar os olhos evitando as próximas cenas, que viriam tão avassaladoras quanto o episódio no vale. E, claro, todos sabemos que a verdade é tão cruel quanto Só-tem-Pedreira.
Bem lentamente, Dr. Schupen Pausen retira o lençol do corpo do Orc, enquanto, Bai Tabixóvski, levanta o espelho, revelando algo que fez Borgan prender a respiração.
Silêncio total no recinto, a não per pelo som da engolida seca do nosso herói.
Só-tem-Pedreira não deixaria de ser um lugar vilanístico assim tão fácil...
Bixóvski levantou o lençol e Borgan vira a Quimera na qual tinha sido transformado: metade Orc, metade...................................PORCO SELVAGEM!!!
...
Enquanto isso, não muito longe dalí, A trupe do barulho tentava alcançar o Portal, mas ele já havia sumido, juntamente com Borgan e Verca Nhão.
Um Barulho, então, é ouvido na entrada do Clodovil, digo, covil, e, sem demora, um exército inteiro se postava na ante-sala circular onde se encontravam nossos heróis.
- Não!!! Gritou Salabim, Por Favor!!! Eu faço qualquer coisa, rodo a bolsinha, danço a Baiana, mas, por favor, não nos matem!!!
-Não estamos aqui para matar vocês, seu monte de estrume! Disse uma voz feminina saindo por detrás do estandarte azul, que tremeluzia acima do exército:
- Sou Lady Incent Ivo Acultura, General do 3° Exército do Regente-em-Chefe Alisan do Cressi, e estou aqui para expurgar Pout ah Velh’a das terras de meu Senhor.
- Ha! Chegou Tarde moça, adiantou-se Jurbo Çal, famigerado tranbiqueiro, cujos cartazes de procurado ocupavam as paredes de todas as tavernas da redondeza, ele não estava aqui, somente sua comparsa, Verca Nhão, que acaba de fugir.
- MALDIÇÃÃÃO!!!!!! Urrou Lady Incent Ivo Acultura.
- Onde podemos encontrá-los então? Pergunta Lady?
- Erca Tarro, o biltre assaltante que aterroriza as estradas da floresta até o riacho lá no alto da colina, em um momento de grandeza incomparável, interrompe, ‘No momento a pergunta adequada seria: devemos encontrá-los? Ou o dilema paradoxal incumbiu-se da retórica incansável da existência do ser, mediante a idiossincrasias universais tangíveis que induzem a uma debandada lateral endógena do ID à para-psicologia de meras ilusões no nosso subconsciente alterando o universo em que vivemos e fazendo nossa percepção extra-sensorial diluir-se em coloidais infusões de matérias nunca dantes descoberta por seres terrenos?
... Silêncio no recinto...
-Quê? Pergunta Erca Tarro, o biltre assaltante que aterroriza as estradas da floresta até o riacho lá no alto da colina, que foi?
...Silêncio no recinto...
Todos estavam em profunda depressão, tentando achar a resposta para o dilema de Erca. Até que, um soldado no meio da massa pensante grita:
- ARGGGG!!!! Não consego suportar tanta pressão!!! E, puxando sua espada, acaba com a própria vida, atravessando-a bem no meio do pescoço.
E agora? O que será de Borgan/Porco, e de Verca Nhão e de Pout ah Velh’a e de Alisan, e de Lady, e de Salabim, e de Jurbo, e de Erca, e de Só-tem-Pedreira, e de Schupen Pausen, e de Bai Tabixóvski, e da história, Hã? Hã? Hã?
"-Esperardes e Vereis."
Pequeno ‘textículo’ inscrito à mão.
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
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