quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Especial de Natal 2: A tarefa de Rhasp Arroska

Se tem uma tradição natalina em Pedra da Picadura, ela acontece na bodega do Zéma Lockeiro, o Barril de Ouro. Lá ocorre a melhor festa de toda a vila, a melhor Ceia de Natal.
Mas uma vez...na véspera do Natal...aconteceu!

Zéma foi na despensa pegar o peru para colocar no forno, como sempre faz...mas se deparou com uma cena horrorosa: o peru não estava lá!!
- Que merda é essa!! cadê ele?! - grunhou - Rhasp!! Aqui! Rápido!!
Rhasp Arroska, o barméin, veio como um raio.
- Olha isso, roubaram o peru! - continuou Zéma - E agora? Sem o peru a Ceia de Natal não é a mesma coisa, e então a nossa festa estará perdida!
- Então gorou... - resignava-se Rhasp.
-Não! Você irá pegar o peru de volta, Rhasp, e nessa altura do campeonato não há como arranjar outro animal...por isso, você deve encontrar o ladrão!
- E se eu não quiser?
-DAÍ TU VAI SER O PRATO PRINCIPAL, SEU PIVETE INGRATO E VAGAL - gritou Zéma - BWAHAHAHAHAHAHA!!! (na real o bodegueiro não sabe por que riu maquiavelicamente, mas não conseguiu resistir).

Então lá estava Rhasp Arroska, desesperado, no meio da rua, faltando duas horas para a meia-noite, procurando um peru perdido. Foi então que ouviu um barulho suspeito vindo de uma casa nas proximidades, como se alguem estivesse afiando alguma coisa. Era o estabelecimento de Ummontidí Banha, o açougueiro de Pedra da Picadura. Quando Rhasp foi averiguar, pela janela, viu o Ummontidí, gordo e de uns 2 metros e poco de altura, afiando um facão enferrujado que, se tivesse uma numeração, com certeza seria um facão trêis-oitão. Logo atrás dele, na mesa e acorrentado, estava o peru.

Rhasp, puxando coragem até dos intestinos, pulou pela janela e bradou.

-Rá! Então você é o larápio que sequestrou o Peru Hã?! Eu quero o peru, aquele ali, bem grande e suculento, aquele piruzão (iiiihhhhhhhhh)!
- Nem a pau - cuspiu Ummontidí - sem o peru, Zéma vai se ralar e finalmente vou me vingar por ele ter me achado no pique-esconde, quando eramos crianças. Além do mais, estou com uma vontade louca de engolir esse peru (iiiihhhhhhhhhh).
- Não quero saber das coisas terríveis que Zéma fez a você - retrucou Rhasp. - Se não vai me dar o peru (iiiihhhh) em paz, então vai na marra!!

Dizendo isso, Rhasp, notando uns temperos e condimentos em cima da mesa à sua direita, soube o que fazer. Como passa o dia fazendo drinques (fazendo os mais diversos malabarismos e guéri-guéris no processo), o barman pegou algumas coisas e misturou tudo, fazendo uma bombinha de fedor nauseabundo. Assim que ficou pronto o projétil, tocou com força no açougueiro, na esperança que com o odor ele desmaiasse.

Mas a camada de suor que besuntava Ummontidí Banha era muito grossa, e o efeito foi nulo. Com isso, o açougueiro, em meio a gargalhadas, se dirigiu ao barman, com o facão na mão.
Mas Só-Tem-Pedreira é um lugar muito cruel, até mesmo para aqueles que não são os heróis da hora. Com isso, uma gota de água, da bacia de água que estava na cômoda, caiu bem em cima de uma mosca, que, assustada, saiu voando pelo recinto. Um cusco que estava ali perto, vendo o inseto, saiu correndo atrás dele, e acabou derrubando uma vela. A vela caiu em cima de um monte de lenha, e as chamas cresceram até chegar ao teto. O teto, avariado pelas chamas, ficou detonado a tal ponto que pedaços de madeira começaram a cair. E foi um naco de um metro e meio que caiu bem em cima de Ummontidí, que simplesmente caiu desmaiado.

Triunfante, Rhasp desacorrentou o peru e ia levá-lo para Zéma, mas ficou com pena do bicho e acabou soltando-o. Depois, pensando que tinha feito uma cagada e sem vontade de virar um assado, pegou uns palitos, uns pedaços de carne e uns pimentões e construiu toscamente um peru. Ao ver a obra, Zéma só comentou:
- Tá meio magro...

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