quinta-feira, 7 de agosto de 2008

A Saga de Sinsalabin Capítulo 5: Revelações

"Paga-se mal a um mestre, quando se continua sempre a ser o aluno."
Friederich Nietzsche.


E foi com a velha e já conhecida sensação de ter as bolas inchadas, que Sinsalabim encontrava-se estirado no chão da pequena cabana de Verca Nhão. Contorcido em dor e desespero, viu tudo escurecer enquanto Jurbo Çal, famigerado tranbiqueiro, cujos cartazes de procurado ocupavam as paredes de todas as tavernas da redondeza, se aproximava do que, dalí a alguns instantes, seria seu cadáver...

...Encontrava-se, então, em um local de paz e conforto com sua mentora Ben Sadik envolta em colares de jasmim, ambos deitados em um lindo campo de lírios brancos e copos-de-leite, vendo as garças darem rasantes por sobre um pequeno lago de água azul e carpas coloridas. O vento balançava, em suave compasso as folhas das cerejeiras, que se moviam como nautas a atravessarem uma extensa e interminável laguna. E as flores dos sarçais partidos eram as únicas testemunhas da paixão dos amantes nessa terra de belezas imensuráveis.
Salabin se sentiu atônito com a feição e rosto angelical de sua amada, olhos capazes de enxergar as profundezas da alma. Foi assim que acompanhou sua musa descrever um arco, enquanto ela se levantava coberta em sangue (seu sangue), com um abacaxi em uma mão e uma tesoura de circuncisão na outra.
Sinsalabin sentiu toda a dor de sua vida – cada ferida, arranhão e doença – condensadas em um único instante.


Então, nosso campeão retomou sua consiência... e viu o goblinóide ensandecido correndo em sua direção com uma faquinha de passar manteiga apontada para seu rosto. Por um momento teve certeza de que dominara a técnica Ben Sadik.
Não. Vão e fútil fora ele. Estava longe de dominar alguma coisa, pelo contrário. Durante os próximos e intermináveis dias de sua vida ele seria dominado de todos os jeitos e formas possíveis, experimentaria toda e cada forma de dor, gritaria como uma donzela, gemeria como uma menininha e imploraria pelo perdão de seu algoz.
Não, ele não dominara a técnica Ben Sadika. A Técnica Ben Sadik havia dominado ele. Para onde quer que ele vaguasse, lamúria e aflição tomariam posse de seu corpo. Ele estava a mercê da dor e do sofrimento. Enfim, havia-se tornado um verdadeiro herói, o portador , o ARAUTO de sua aflição e lamúria.
E foi na fração de segundo em que o goblinóide levou para chegar até ele, que um plano foi arquitetado...esperou a aproximação perfeita para desferir uma rasteira no pobre e enfurecido goblin, só para perceber que este, com a agilidade de uma marmota, havia se esquivado, e a faquinha de passar manteiga, agora, encontrava-se a poucos centímetros de sua garganta.
Mas então a piedade atomou-se do nanico goblinóide verdejante e ele parou no momento H, no ponto G da situação, e, largando a faquinha, começou a chorar.
Chorou e contou tudo, desde como seus pais haviam morrido no ataque das doninhas furiosas que acabou por deixá-lo órfão, até o dia em que foi acolhido por um piedoso avelhentado. Mas Só-Tem-Pedreira havia sido cruel com ele também, pois o seu benfeitor se mostrou um velho mau, e contou com detalhes (Sinsalabin estranhamente conseguiu sentir a dor de Jurbo Çal) o modo como foi violentado por seu senhor durante anos e anos e anos e anos (muitos anos). E em sua agonia, deixou escapar algo incompreensível, um pequeno muxoxo, um gemido curto, que mais parecia um: “nunca mais quero ver um pedaço de mandioca na minha vida!”.
Com um quê de compaixão, Sin perguntou a Jurbo quem era o velho que o havia maltratado, e este falou com lágrimas nos olhos:
- Seu nome é impossível de se pronunciar de maneira correta por mortais.
- Fale, ó companheiro goblinóide! Não temas!
- Ele poderá me castigar! disse nosso enrugado amigüinho
- E fará o que? Enfiará mais leguminosos no seu fubãozinho? Relaxe homem!
Os argumentos de Salabin foram tão fortes que o pobre goblin foi induzido a revelar o nome:
-ele é...
-sim, disse salabim (rimou!)
-é...
-...
-Pout ah Velh’a! E tremeu... tremeu em convulsões por medo de pronunciar o nome.
- Não se preocupe! Não tema o nome, ninguém poderá escutá-lo! Disse nosso intrépido herói.
Mas Só-Tem-Pedreira, como já havia mostrado muitas vezes, realmente era um lugar mesquinho, e nosso goblin só conseguiu apontar o dedo para a porta, antes de ter a faquinha de passar manteiga telecinéticamente atravessada em sua cabeça.
Agora quem tremia era Salabin, e pela primeira vez, não era de medo, era raiva. Raiva pois sentiu ‘algo profundo’ pelo amigo goblin e suas mandiocas, mas agora era tudo em vão, ele jazia morto no chão! (rimou!)
Se virou com fúria infernal e a raiva acometida passou tão logo quanto chegou, pois que se deparou com o maior goblin que ele já havia visto na vida, um monstro, um meio-yeti-goblin: um goblinóide de aproximadamente 1 metro de altura!
Gaguejando, nosso heroi falou:
- Er, ham, er... então é o senhor, Puta Velha, NÃO, DESCULPA! Quero dizer Pout ah Velh’a!
- CALADO SEU CUZÃO! NÃO SOU A BOSTA DO POUT AH VELH'A, SOU O CARALHO DO SEU IRMÃO GÊMEO: O DRUIDA POUT AH KEP'A RYU! E EU VIM AQUI LEVAR ESSE CACETE DEVOLTA PRO MEU IRMÃO, SOMENTE ASSIM ELE ME RECONHECERÁ COMO UM GRANDE DRUIDA!
- Vo-vo-vo-cê matou Jur-bobo-çal!
- QUÊ? SEU MENTECAPTO, ACEFALADO E IGNORANTE! ELE ERA MEU ESCRAVO SEXUAL TAMBÉM, ELE PULOU A PARTE DA ORGIA COM OS BABUÍNOS PORQUE ERA MUITO VERGONHOSO. PARA QUE EU IRIA MATÁ-LO, SE POSSO VÊLO SOFRER MAIS UM POUCO, PORRA?!

E então...como que um milagre, com a faquinha atravesada em sua cabeça, Jurbo começa a se levantar.

- VIU CACETE? O CÉREBRO DELE É MENOR QUE A PORRA DE UM AMENDOIM. MESMO QUE EU MIRASSE NAQUELE CARALHO, NÃO ACERTARIA MERDA NENHUMA. A FACA NÃO PEGOU EM NADA, TRESPASSOU SOMENTE A PORRA DO AR!

...

E foi com a porra do goblin cortado pelo caralho da faca, que Salabin estremeçeu mediante ao gigante Druida...

...

Enquanto isso não muito longe dalí, a uns 3 metros de distância, Verca Nhão, tramava alguma coisa afastada dos olhos de nossos protagonistas.

O que será que acontecerá? Sinsalabin, provou que meses de treinamento só serviram para acovardá-lo mais ainda. Pout ah kep'a Ryu descobriu que o caralho do goblin o estava encomodando. ficou claro que Só-Tem-Pedreira realmente era um lugar maquiavélivo. E Verca Nhão estava arquitetando planos.

Agora só nos resta esperar pelo fluir da porra da trama...
Vai lá Sinsalabin!!!!!

Nenhum comentário: